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Festa junina e favela carioca: Uma conexão para além do Arraiá do Alemão

Moradores falam da importância da valorização da cultura nordestina no Complexo do Alemão
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Moradora do Complexo do Alemão, Rita de Cássia chegou ao Rio de Janeiro quando tinha apenas 10 anos, em 1990. Ela e seus pais, José Agostinho e Maria Zuleide, saíram da cidade de Tabira, em Pernambuco, para tentar uma vida melhor no Rio de Janeiro. A história deles não é única, nem rara nas favelas cariocas. Pelo contrário; é bem comum, ao perguntar de onde vêm os pais ou avós de algum cria de favela, receber como resposta algum estado do Nordeste. O pesquisador José Silva, pernambucano de Caruaru, identificaria como Diáspora Nordestina. Mas o que vem com ela? Ou deixa de vir? 

Rita explicou que a migração de seus pais se deu por conta do mercado de trabalho. De acordo com ela – e o que ouviu de seus pais – no Rio haveria muito mais chances de conseguir emprego. Vieram só os três. Por aqui, a família cresceu e agora ela tem irmãos. Cariocas. Mas de origem pernambucana, é bom não esquecer.

Foto: Reprodução

Ela não esconde que está animada para o Arraiá do Alemão. O contato foi via WhatsApp e pelas palavras ela conseguiu demonstrar uma ternura pela sua cultura que dá gosto de prosear: “Eu amo festa junina! Comer, então”. Auxiliar de serviços gerais, bombeira civil e acolhedora, ela disse que o festejo dentro no Complexo é importante para reavivar tradições nordestinas. “Somos um povo alegre e festeiro. Muitos dos jovens não conhecem a cultura e a culinária nordestina. Quer uma foto minha para a matéria?”, e enviou. 

Para a pernambucana, o festejo do fim de semana vai colocar a sua cultura mais em evidência. “Sinto que muitas famílias, nos finais de semana, se reúnem para fazer aquele almoço com todo mundo e escutar as músicas culturais da nossa terra”, comenta. Já emendando na seguinte pergunta: 

– “É amanhã? Anarriê e boa festa para nossa comunidade!”

Migração

Cerca de 1,5 milhão de nordestinos vivem no Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o IBGE. A maior parte está concentrada na capital, que, junto de Duque de Caxias e São Gonçalo, formam o eixo de municípios com o maior número de nordestinos no estado.

De acordo com “Nordestinos no Rio de Janeiro: alteridades e legados culturais”, do antropólogo filho de paraibanos, Fernando Cordeiro Barbosa, existem ocupações que estão estreitamente relacionadas com a mão de obra de migrantes nordestinos no Rio de Janeiro. O que não quer dizer que tais ocupações têm o migrante nordestino como força de trabalho exclusiva, mas que muitas delas estão representadas majoritariamente por eles.

Essas migrações do Nordeste para o Sudeste, que são um exemplo de êxodo rural, aconteceram massivamente em um momento histórico específico, principalmente entre as décadas de 50 e 70. O Rio de Janeiro representava uma promessa de oportunidades melhores por conta do desenvolvimento industrial, crescimento econômico e a demanda por mão de obra em setores como a construção civil, indústria e serviços.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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