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Favela Nerd: Dando visibilidade para os nerds de favela

Uma família conta, com orgulho, como é ser nerd dentro da favela
Mãe e filhos trocam saberes na Nave do Conhecimento Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Na favela, uma importante bandeira de orgulho está emergindo: a do orgulho nerd. Animes, videogames e cultura pop, tradicionalmente associados a ambientes elitizados, agora ganham cada vez mais espaço entre os jovens da periferia, transformando o cenário local e rompendo barreiras.

Para muitos, ser nerd é sinônimo de estar engajado nos estudos e ter uma paixão por jogos e animes. Bernardo, de 18 anos, descobriu seu lado nerd ao se envolver com jogos como Free Fire e Valorant. “Eu sempre fui de ficar em casa, mas descobri que gostava bastante dos jogos e personagens”, diz ele. Danilo, seu irmão mais novo, de 13 anos, destaca que ser nerd é ter orgulho de suas paixões, sem medo de sofrer bullying.

Crescer em um ambiente onde ser nerd era visto como estranho fez com que muitos buscassem refúgio em espaços onde pudessem ser eles mesmos. Débora, que trabalha como manicure, mas também é roqueira, nerd, cria da favela e mãe dos jovens, compartilha. “Quando eu era criança, ser nerd era ser diferente e não era bem aceito. Hoje, temos lugares onde nossos filhos podem se desenvolver e fugir das influências negativas da rua.” Ela ressalta a importância de lugares como a Nave do Conhecimento que promovem o desenvolvimento pessoal e a inclusão digital dos jovens, oferecendo oportunidades que não existiam em sua própria infância.

A acessibilidade a eventos nerds é uma questão levantada pela comunidade. Débora sente falta de eventos maiores, mas valoriza as iniciativas locais que têm sido fundamentais para a juventude. “Esses espaços não deixam as crianças sozinhas. Os professores guiam e ajudam no crescimento e desenvolvimento”, afirma. Ela destaca a dificuldade de investir em tecnologia, tornando as iniciativas comunitárias ainda mais cruciais para a inclusão digital.

Não pode faltar no mundo nerd o famoso jogo de damas
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Olhar para o futuro é uma esperança compartilhada. Bernardo deseja um emprego que o ajude a sustentar seu sonho de trabalhar com games. Danilo quer ver mais pessoas frequentando os espaços culturais, desmascarando preconceitos sobre a favela. Para Débora, cuidar desses espaços é essencial para mudar a percepção externa e fortalecer a comunidade.

O orgulho nerd na favela vai além de gostar de animes ou jogos: é sobre encontrar um espaço de pertencimento, aprendizado e esperança. A comunidade se une para proteger e valorizar esses espaços, tornando eles símbolos de resistência e crescimento em meio a desafios constantes. Esses e outros jovens nerds estão redefinindo a identidade da favela, mostrando que paixão e conhecimento não têm fronteiras.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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