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Estudante, moradora da Penha, ganha olimpíadas de matemática e conhecerá a NASA e Disney

Allicya Victoria, de 12 anos, ganhou a última edição no final do ano passado, junto com outros 42 alunos
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Na rotina de Allicya Victoria, de 12 anos, a dedicação diária sempre ajudou a conquistar os seus objetivos e sonhos, mesmo ainda sendo tão nova. Filha de Regiane Silva, de 28 anos, essa característica pessoal da pequena auxilia, de forma contínua, em seu desenvolvimento escolar e pessoal. E, no mês passado, a entrega frequente aos estudos garantiu o primeiro lugar na Olimpíada Carioca de Matemática, da Secretaria Municipal de Educação (SME) em parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). E, junto com essa vitória, a estudante conquistou também a primeira viagem para outro país, mais especificamente nos Estados Unidos da América, onde visitará a Agência Espacial Americana (NASA) e a Disney; além da bolsa do curso de inglês, de programação e um notebook. 

Moradora do bairro da Penha, na rua Merendiba, Allicya, que está no 6º ano escolar, enfrentou um período atípico em sua educação por decorrência da pandemia do coronavírus, pois estudou em mais de três escolas nesse meio tempo, de forma presencial e à distância. Mas, mesmo com esse empecilho, nunca deixou os livros e os cadernos de lado. “Eu meio que não tive opção de fazer as Olimpíadas, né!? (risos). A diretora da escola conversou comigo antes e disse que me inscreveria, pois acredita muito no meu potencial. Concordei com ela e fiz a prova como uma atividade normal. Claro, no primeiro momento, tive bastante dúvida e até pedi para trocar de sala para me concentrar melhor. Mas, depois foi tranquilo”, explica a aluna.

Para a sua mãe, Regiane, que sempre incentivou o seu aprendizado e até contratou uma explicadora local nesse momento conturbado de ensino, a vitória de Allicya representa uma quebra de paradigmas, já que, muitas vezes, as pessoas que moram em comunidades são desacreditadas e encaram cenários que forçam o afastamento dos estudos.

Foto; Selma Souza / Voz das Comunidades
A mãe da estudante é a sua maior incentivadora
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Esses últimos anos foram complicados. Minha filha estudou na Escola Luis Cezar Sayao Garcez, em 2020, depois na Escola Nossa Senhora da Penha, de forma online, e, por último, na Joracy Camargo, que é a atual. No meio dessa confusão toda, eu fiquei sem receber meu salário por causa da pandemia. Tive que cortar gastos em casa e na formação escolar dela. Houve momentos de tiroteio enquanto ela estava na escola e quando saía, além de um problema na matrícula. E, mesmo com isso tudo, ela não desistiu ou perdeu o foco e recebeu essa premiação incrível!”, comenta. 

Embora tenha alcançado o primeiro lugar na competição, Allicya admite uma curiosidade enquanto fala sobre o seu futuro: a matemática nem é a sua matéria favorita na escola. De acordo com ela, o conteúdo de ciências é o seu preferido. E, quando terminar os estudos, a jovem pretende cursar Psicologia, uma área bem distante das fórmulas exatas dos cálculos. “Gosto de aprender de tudo”, revela. 

Sobre a sua viagem, que está programada para o final deste ano, Allicya e sua mãe confessam que estão bastante animadas, pois é um sonho de ambas conhecerem um novo país e ainda aproveitarem muito da cultura local. Para a pequena, que gosta de ciências e assiste todos os filmes das princesas da Disney, a ida para os Estados Unidos da América significa viver um pouco dos dois mundos. “Eu quero aproveitar de tudo, tirar muitas fotos e aprender também”, destaca a aluna. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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