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Espetáculo ‘Vogue Funk’ ocupa Copacabana para mostrar potência do corpo periférico

Com apresentações gratuitas, o espetáculo faz da cultura da favela o epicentro artístico do Brasil contemporâneo

Dos becos para os palcos, das batalhas de passinhos ao baile de Vogue. O show de dança “Vogue Funk” surge como uma expressão original e poderosa da união entre a cultura funk e a cultura ballroom/vogue. A arte celebra o ritmo rabiscado nos chão pelos crias ao mesmo tempo que abre espaços para as quedas e os movimentos das manas (em sua maioria, trans e travestis). Mostrando a potência das artes faveladas, expressas nos corpos periféricos, os universos – baile funk e vogue ball – se assemelham e se complementam. Assim, emerge o Vogue Funk para o mundo.

O espetáculo “Vogue Funk”
Foto: Charles Pereira/Divulgação

Os movimentos do funk e do vogue surgem de lugares e tempos diferentes. Entretanto, suas origens possuem em comum a raiz periférica, e predominantemente preta. Esses mundos representam uma força cultural, política, artística e social, como aponta Rafael Fernandes, diretor artístico e idealizador do espetáculo. “Ambas foram e ainda são marginalizadas, mas foi através da arte que encontraram uma forma de sobrevivência de diversas opressões, se tornando caldeirões efervescentes de produção artística e cultural. Elas representam a potência da cultura jovem e periférica colocadas em destaque, ocupando o seu devido lugar, que é o da Excelência”, ressalta.

O espetáculo tem diversas atrações especiais, e reuniu artistas periféricos que entregam qualidade em suas respectivas manifestações artísticas, como Mother Juju Ninja, líder de uma das maiores house Ballroom do mundo; André DB, que é referência mundial do passinho e atual vencedor do Red Bull Dance Internacional; Yure IDD, dj que coleciona parceria com artistas relevantes da cena, como Gloria Groove; e Kill Bill Balenciaga, uma das maiores referências do vogue no Brasil. O “Vogue Funk” sobe aos palcos com elementos de ambos os universos, como DJs, MC/Chants, Bailes/Ball, batalhas, passinhos, vestimentas características, muita atitude e coreografias, como destaca a diretora do espetáculo, Patyfudida.

O espetáculo “Vogue Funk”
Foto Charles Pereira/Divulgação

“Organizamos uma série coreográfica, explorando gestos radicais que desafiam convenções, buscando reposicionar as relações históricas e culturais. Investimos em poses insubordinadas para elaborar resistências e nutrir repertórios de memórias, criando imagens que disputam novos significados e valores”, reforça Patyfudida. A presença desta obra em Copacabana desafia as fronteiras socioeconômicas e culturais, convidando um público diverso a experimentar e acolher novas vivências que, por muito tempo, foram negligenciadas. “Mais do que representatividade, estamos evidenciando a pluralidade dos nossos corpos e das nossas histórias. A prova de que enquanto artistas negros e periféricos somos multiplicidades de potências”, ela comemora este feito.

Para além de um espetáculo, “Vogue Funk” torna-se um marco cultural e histórico que disputa narrativas e abre caminho para uma transformação social. “Estamos aqui dando uma chance para a sociedade testemunhar o quanto pode ser enriquecedor para cultura brasileira dar luz às margens e deixar que elas criem suas próprias histórias”, conclui a diretora.

O “Vogue Funk” estreia nesta quinta-feira (16), às 20h, no Teatro de Arena do Sesc Copacabana e seguirá com apresentações de quinta a domingo, sempre às 20h, até o dia 26 de maio. O espetáculo faz parte da quarta edição de “O Corpo Negro – Festival de dança e protagonismo”. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos 30 minutos antes de cada apresentação.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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