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‘Espero que nessa Casa de Justiça não se produza mais uma injustiça’, diz mãe de Kathlen Romeu antes da audiência desta segunda (20)

No próximo dia 8 de junho completa três anos da morte da jovem que estava grávida, quando foi baleada no tórax durante operação policial no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Produção de Reportagem: Selma Souza

Mais uma audiência de instrução e julgamento sobre o assassinato da jovem Kathlen Romeu acontece, nesta segunda-feira (20), no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no Centro da cidade. Nesta audiência, estão sendo ouvidas testemunhas de defesa dos réus Marcos Felipe da Silva Salviano e Rodrigo Correia de Frias. Ainda hoje a Justiça pode decidir se os policiais militares vão a júri popular.

No próximo dia 8 de junho completa três anos da morte da jovem e seu bebê, quando foi baleada no tórax durante operação policial no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. Ela visitava a avó. E, minutos antes de uma audiência no Mês das Mães, Jackeline Oliveira, a mãe de Kathlen, que estava grávida de quatro meses, desabafa que os sentimentos são infinitos.

“Eu nem sei dar nome. Eu sinto o Estado como um gigante, assassino e genocida me engolindo há três anos. Porque assassinou minha filha e meu neto, não produziu uma resposta e ,mostra diariamente que quer nos enterrar também. Enterrar minha voz, minha força. Eu poderia ficar falando mil coisas, mas é só dor, decepção, tristeza, desapontamento.”

“É inacreditável o que eu estou vivendo, o que estou passando, tendo em vista que o que fez isso foram agentes públicos que deveriam proteger a nossa vida. A gente paga os salário deles, tudo que a gente compra tem impostos. E o mínimo de decência que é de proteção à vida, eles não dão para a gente. Eu espero, hoje, que essa Casa de Justiça, não produza mais uma injustiça“, relata Jackeline.

Ela ressalta que são tres anos lutando e que espera uma resposta contundente, “que nós merecemos”. A mãe de Kathlen enfatiza: “Nada que se faça ai dentro vai trazer a minha filha de volta, mas é importante ressaltar que se eles me negam justiça, eles estão chancelando todas essas barbáries. Olha quantas vidas [aponta para o cartaz no chão], fora tantas outras. A gente deseja que nessa audiência eles sejam pronunciados e vão a júri popular”.

O pai da jovem, Luciano Gonçalves, tem como maior expectativa uma resposta do Estado. “Porque vai fazer três anos que a gente ainda é o dedo na ferida o tempo todo. Vai fazer três anos que minha filha morre todos os dias. Espero o máximo de seriedade e que os assassinos da minha filha sejam punidos no máximo rigor da lei. O estado deve essa resposta para os familiares, para os amigos e para a sociedade, porque o que aconteceu foi muito grave e não pode ser negligenciado da maneira que está sendo.”

Rodrigo Mondego, advogado do caso, explica que esta já é a quarta audiência que apura o homicídio da vítima. “A gente aguarda que todas essas testemunhas sejam ouvidas hoje mesmo para que a juíza faça a pronúncia desses dois policiais que atiraram em direção a Kathlen. Para que, assim, o caso vá logo para júri popular”, reforça.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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