Na tarde desta quinta-feira (03), o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro realizou a segunda audiência a respeito do caso da menina Ágatha Felix, morta em setembro de 2019 por um disparo de arma de fogo do policial militar Rodrigo Soares no Complexo do Alemão, na região mais conhecida como Fazendinha, Zona Norte do Rio.
Justiça ouvindo morador do Alemão e PMs
No julgamento de hoje, a sessão ouviu o testemunho de três pessoas. Entre elas, a de defesa Thiago, que reside na região em que a Kombi que a criança estava alocada foi atingida e, consequentemente, acertou Ágatha. O morador da Fazendinha detalhou para o judiciário o mesmo depoimento colhido em 2019. Nele, ele ressalta que não houve a presença de troca de disparos na região e, ainda, afirma que não havia pessoas armadas na motocicleta que passou pelos agentes de segurança, indo na contramão da versão dos militares.
Além de Thiago, a juíza escutou o depoimento de dois policiais militares, Bruno de Souza e Alanderson Ribeiro, que trabalhavam juntos com o réu Rodrigo na época. Nessas testemunhas, a advogada, representante do Ministério Público do Rio de Janeiro, encontrou posicionamentos diferentes do ano de 2019. Alanderson, por exemplo, na época da morte da menina, registrou no retorno à DP a confirmação de troca de disparos com os integrantes que passaram na moto.
De acordo com o policial, dois “elementos” (palavra utilizada por ele) passaram armados e, logo após, começou a troca de disparos. No depoimento de hoje, dia 3 de março de 2022, ele retirou a declaração antiga, dizendo que “presumia” que tinha sido isso. Na nova versão, Alanderson comentou que lembra da motocicleta, mas que não viu se havia pessoas armadas nela.
Mais uma nova audiência
Depois de 1h30 de sessão, a juíza confirmou uma nova audiência para o dia 28 de março, pois o Ministério Público encontrou mais uma testemunha de acusação. Além disso, a defesa do réu também contará com o depoimento de mais dois policiais militares.
Intervenção por justiça
Do lado de fora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, amigos, familiares e pessoas identificadas com o caso da Agatha Felix realizaram uma intervenção solicitando justiça pela menina.
Segundo a reivindicação no local, a política atual de segurança pública transforma em estatísticas as vidas de pessoas negras e de origem favelada.