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Quando o assunto é relacionado às comunidades cariocas, a participação ativa de lideranças, comunicadores e jornalistas moradores das favelas do Rio de Janeiro possibilita o entendimento das demandas do local e auxilia na construção de soluções junto ao Poder Público.
Na contramão dessa estratégia, ontem (24), o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, realizou um evento na Biblioteca Parque da Rocinha para discutir as questões urbanísticas da favela da Zona Sul, mas sem a participação das organizações e coletivos comunitários.
Após publicar um registro fotográfico da reunião em suas redes sociais, o jornalista Michel Silva, em seu perfil no Twitter, criticou a falta de transparência e comunicação do secretário, que acusou Michel de espalhar “Fake News” e de ‘jogar contra sua própria comunidade ao ameaçar qualquer um que tenta se aproximar”. Além destas frases, Fajardo comparou a atitude do jornalista ao título de “dono do morro”, criminalizando a postura crítica do profissional.
Em nota publicada hoje, a Associação de Comunicação Fala Roça destacou a importância do trabalho realizado pelo jornalista ao longo dos últimos 10 anos na Rocinha e criticou as palavras escolhidas pelo secretário, que trabalha à serviço da população do Rio de Janeiro.
Abaixo, um trecho do posicionamento do veículo de comunicação comunitária:
“As palavras escolhidas por Fajardo, que trabalha à serviço da população do Rio de Janeiro, reforçam a criminalização de favelados que tentam se envolver nas melhorias e desenvolvimento de políticas públicas locais. Sobretudo, coloca em dúvida o trabalho de comunicação comunitária e ações sociais que o jornalista vem desenvolvendo ao longo dos últimos 10 anos na Rocinha, onde nasceu e foi criado.
O poder público sempre excluiu a participação de favelados em seus projetos. Não à toa, as melhorias implementadas são sempre pensadas de fora para dentro da Rocinha. Participação social é um pilar para uma sociedade mais equilibrada e uma política mais representativa. Não permaneceremos excluídos. A favela e, sobretudo, a nova geração de favelados – os jovens – têm vontade política de fazer e acontecer. Nada sobre nós sem nós.”