“Favelas não são o problema, são a solução”. Essas foram as palavras do Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Márcio Macêdo. Ele participou do encontro com representantes do F20, na última quinta-feira (29), no Rio de Janeiro. “Fazer o G20 no Brasil não teria nenhum sentido se não fosse dialogando com o povo, com as organizações e movimentos sociais, mas também com as pessoas, com as comunidades de territórios vulneráveis” disse o ministro.
O encontro contou com a presença dos representantes dos Grupos de Trabalho (GTs) do F20, que debatem e constroem juntos a documentação final que apresentará as principais problemáticas enfrentadas nas favelas. Gabriela Santos, Rene Silva e Erleyvaldo Bispo, idealizadores do F20, estiveram presentes na reunião.
“Trazer este debate para os líderes mundiais do G20 é um compromisso que o Presidente Lula tem em mostrar que favela é potência, valorizar as suas juventudes, suas mulheres, sua cultura, a sua sabedoria, a sua criatividade e a sua capacidade inovar”, disse o ministro.
“O objetivo do F20 é fazer a população da favela participar da tomada de decisão. A gente quer incluir muito mais a favela nos debates locais, regionais e especialmente globais a partir do que acontece dentro dela. Vamos levar a favela para as discussões globais dentro do G20”, afirmou Gabriela Santos, diretora executiva do F20.
A partir do encontro realizado com o ministro, o projeto do F20 passa a participar mais ativamente da organização da Cúpula Social do G20, que acontece em novembro, entre os dias 14 e 16, no Rio. Todas as encontrados realizados pelo F20 serão sistematizadas em um documento final, que será entregue ao Governo Federal durante a Cúpula. O grupo também contribuirá com a construção de agendas e ações das favelas para o território da Cúpula Social.
Uma trilha de partilha
“A gente acompanha o G20 e sabe que pouco se ouve, que quase não se ouve a sociedade civil. Quando vimos os esforços do governo federal ao criar o G20 Social, vimos também a necessidade de incluir as favelas estrategicamente neste debate global”, diz Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades e idealizador do F20. Ele afirma que o F20 é uma estrutura que possibilita que as favelas possam participar do encontro de líderes globais.
Valter Manuel, do projeto Favela 3D, é testemunho do potencial transformador desta experiência. “Faço parte do comitê de combates a crises climáticas e temos falado como essas questões afetam principalmente esses territórios mais vulneráveis, que não tem infraestrutura. Como a gente consegue prevenir e estar num grupo de pessoas da comunidade da Maré ou do Complexo do Alemão e, também, de outras comunidades, para trocar experiências entre esses territórios. Tudo isso é muito enriquecedor e desafiador para nós”, afirmou Manuel.
João Vitor, que integra a frente de comunicação do F20, detalha que o processo cuidadoso e diário junto às comunidades para a construção de pauta para ser entregue ao G20. “Fazemos um trabalho, praticamente, de tradução dos termos que são difíceis, dos temas que são tratados lá no G20, para que as pessoas possam entender, para que a informação possa circular. Porque se a gente quer fazer com que essas vozes sejam, de fato, amplificadas, elas precisam ter acesso à informação e ao conhecimento, a partir da sua realidade, dos seus territórios, para poderem ir além”, explicou.