Dia 9 de Agosto é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígena. O dia tem como objetivo conscientizar a importância deles na sociedade, além disso, visibilizar suas lutas por demarcação de terras e mostrar a diversidade das culturas, línguas nativas e artes. Com muitos rostos e diferentes vivências, os indígenas estão na pista, mostrando seu trabalho e seu talento. Neste sentido, o Voz das Comunidades selecionou quatro artistas indígenas que você deve conhecer.
Kaê Guajajara
Artista é cria do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Natural de Mirinzal, do estado do Maranhão, Kae é é originária do Povo Guajajara. Kaê Guajajara descobriu no rap uma maneira para expressar suas reflexões e vivências como mulher indígena na favela, além de ampliar seu alcance e contestar o colonialismo, diferentes estilos musicais. A artista é compositora, cantora, atriz, autora, ativista indígena brasileira e é fundadora da Azuruhu, selo musical que busca o desenvolvimento de artistas indígenas.
Em seu trabalho mais recente, Kaê Guajajara também contesta a colonização. Lançado em abril 2023, álbum Zahytata, que significa “estrela” em dialeto do povo Guajajara. Segundo a cantora, as 13 faixas formam uma narrativa de despertar para o bem viver. E neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, Kae lança a faixa Sumaúma. O single é uma das músicas favoritas das crianças nesse agosto indígena dentro das escolas. A artista também marcará presença no Rock in Rio no dia 21 de setembro no Espaço Favela.
Katu Mirim
Katú Mirim é rapper, compositora, atriz e ativista indígena. Adotada aos 11 meses por um casal não indígena da periferia de São Paulo, ela se reconectou com suas raízes quando conheceu o pai biológico Boe Bororo, aos 13 anos.
Katú é conhecida por suas letras, que através do rap/rock, reconstrói a narrativa da colonização pela visão indígena. Seu trabalho tem atravessamentos no contexto urbano e demarcação de terras. Em seu último álbum Cura, ela traz a celebração da vida, transcendendo as marcas de sofrimento pela sua identidade. A música que dá nome ao título da discografia foi gravada com o rapper indígena Taboo, membro da banda Black Eyed Peas. E com mais uma novidade, será atração no Rock in Rio no dia 13 de setembro na nova área do festival, Global Village.
Kandu Puri
Multiartista, favelado e indígena pertencente ao Povo Puri, Kandu Puri se destaca com composições de trap e rap. Além disso, o artista é cofundador do selo musical Azuruhu e desenvolve sua arte por meio da cerâmica e do audiovisual. Suas letras trazem à tona perspectivas de vivências indígenas nas florestas e favelas, em língua Puri, do tronco linguístico macro-jê, e no português.
O seu trabalho mais recente é o álbum Sana, traz um ritmo dançante com várias rimas impactantes. O artista reflete sobre o projeto: “É uma homenagem para o território sagrado Puri. Essa região que hoje chamam de Sudeste brasileiro é a terra ancestral do meu povo e seguimos presentes hoje em todos esses estados, RJ, SP, MG e ES. Tivemos grande parte de nossos territórios roubados, destruídos, poluídos, desmatados, invadidos e tivemos que ter inúmeras estratégias para continuar vivos e manter a cultura viva”, emocionado conta Kandu.
Owerá
Owerá que é de etnia Guarani Mbyá, vive na Aldeia Krukutu, na Zona Sul de São Paulo. Ele narra que sua carreira como músico começou antes mesmo que pudesse notar, porque desde criança viajava com o pai para cantar a cultura guarani. Owerá já fez parceria com Criolo e com DJ Alok.
O rapper indígena canta suas canções em Guarani Mbyá e português, busca a conexão com o Rap Nativo, movimento que põe a língua nativa em destaque. “Todo indígena tem uma conexão forte com a música, porque cada história e cada conto que o líder espiritual fala envolve música. O guarani, que é o meu povo, sempre canta na casa de reza”, explica o cantor. Seu trabalho mais recente é o álbum Mbaraeté que significa resistência, ao qual ele convoca todo seu povo a persistir. O projeto tem apoio da Natura Musical, possui 9 faixas. O artista resgatou instrumentos tradicionais da cultura, como o violão, djembé e o maracá e convidou lideranças indígenas para participarem das gravações.