Patrimônio Imaterial da Humanidade, a capoeira é uma expressão cultural afro-brasileira que reúne em sua História muita resistência e ancestralidade dos povos africanos e seus descendentes. Desde 1985, a capoeira e quem a pratica são celebrados no dia 3 de agosto. Sendo assim, o Voz das Comunidades entrevistou três mulheres envolvidas e apaixonadas pela prática que engloba arte marcial, dança, cultura e música.
A Mestre Cleide é uma cearense de 54 anos que está envolvida com a capoeira desde 1994. Ela dá aula de capoeira no Grupo Terra Capoeira, do falecido Mestre Mintirinha, em Olaria, Zona Norte do Rio, onde vive. “Temos que comemorar a capoeira todos os dias. Mas a data é importante para ter o nosso trabalho reconhecido e para que todos entendam que capoeira é cultura e a única arte genuinamente brasileira”, afirma.
E Mestre Cleide acrescenta: “Ser mulher em um ambiente que ainda é muito masculino é um desafio que aos poucos está sendo quebrado através de nosso trabalho”.
Alexandra Silva, de 50 anos, foi criada no Complexo do Alemão, mais especificamente na Grota. Apaixonada pela capoeira, ela nunca praticou, mas buscou se envolver de várias outras formas. Hoje, é assessora de comunicação do Mestre Touro, do Grupo Corda Bamba, na Penha, e já fez um documentário sobre o Mestre Mintirinha, de Olaria. Sim, o mesmo do Grupo Terra Capoeira, onde Mestre Cleide dá aula.
“Eu queria ser capoeirista desde criança, mas minha mãe me proibia, porque ela tinha medo de eu me machucar, já que na época a maioria eram homens, né?! Então eu deixei pra lá, mas há 10 anos atrás eu comecei a me envolver novamente com a capoeira, porque eu sou apaixonada pelo jogo; eu escuto o berimbau tocar e fico emocionada”, confessa Alexandra.
Ela conta que o sentimento que tem pela capoeira é de gratidão. “A capoeira me proporciona conhecer pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo, que me ensinam muito”, justificou ela, que também contou que só não pratica por questões de saúde.
Foto: Reprodução
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“Eu comecei na capoeira quando tinha uns 5 anos. Foi na época da escola e eu fazia balé antes, mas quando vi a aula de capoeira, eu já sabia que ali eu tinha me encontrado! Sabia que ali era o meu lugar de felicidade e onde eu me sentia completa”, relata Anna Beatriz, de 23 anos, moradora de Olaria.
Para ela, que faz parte do Grupo Estrela de Lúna, em Olaria, ser mulher capoeirista significa resistência, significa força, ter voz, lugar e ser acolhida por todos de igual para igual. “As minhas inspirações são todas mulheres e cada uma com uma história incrível, que todo mundo precisa ouvir! Eu espero que um dia eu vire inspiração para alguém, assim como elas são pra mim“, conclui Anna, que certamente já inspira sem nem saber.