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Devido à alta dos preços, famílias de favela tem dificuldades para comprar chocolates na Páscoa

Os preços altos dos produtos deixariam as crianças sem chocolate na data; ação do Voz das Comunidades alegrou crianças e principalmente às mães
Crianças ganham chocolate na campanha Pazcoa nas comunidades. Foto: Josiane Santana /Voz das Comunidades

Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPEA), nos últimos 12 meses, até janeiro, os preços do chocolate em barra e dos bombons acumularam alta de 13,61%. É a maior variação desde fevereiro de 2017 onde, na época, a mais alta foi de 17,23%, em 12 meses. Quem, no ano passado, comprou o ovo de páscoa por R$ 50, esse ano pode pagar R$ 57 pelo produto, aponta o estudo. Devido à alta dos preços, as famílias optaram por substituir o tradicional ovo de chocolate pelas barras e caixas de bombons.

Daniele Correia da Silva, de 20 anos, que mora com o marido e filho na ocupação Dauru, na Área 5 no Complexo do Alemão há 1 ano, desabafa sobre os preços altos. “As coisas estão muitos caras e na Páscoa ficam ainda mais”, conta. A família vai passar a data pela primeira vez na ocupação e Daniele conta que ainda não decidiu o que vai fazer para o almoço de domingo, mas diz que será muito alegre. “A Páscoa vai ser muito alegre. Meu filho ganhou um bombom agora. Só tinha ganhado o da escola.”

Daniele mora com o filho e marido em ocupação no Complexo do Alemão.
(Foto: Igor Albuquerque/Voz das Comunidades)

A dona de casa, Jussara Avelino, 43 anos, que mora na Pedra do Sapo, é mãe das gêmeas Juliana e Geovana de 9 anos. Ela dá uma aula de economia comparando o valor dos chocolates. “Expliquei que a caixa de chocolate valia mais que o ovo de páscoa em relação ao preço e o quilo. Mas elas querem o ovo de páscoa porque vem com brinquedinho dentro, mas está muito caro”. Isso acontece porque os ovos tem a mesma quantidade, às vezes menos, com um preço maior.

Jussara considera caixas de chocolate mais em conta.
(Foto: Igor Albuquerque/ Voz das Comunidades)

Tatiane Soares de Farias, de 39 anos, que mora na favela da Jaqueira, diz que não teria páscoa. “Sem dinheiro para comprar nada, nem o chocolate das crianças e nem o peixe que estou acostumada a comer eu não consegui comprar”. Raquel Batista dos Santos, 34 anos, concorda que o preço das coisas estão caros e agradece pelo presente às crianças. “Desde já agradeço a vocês pelos chocolates e que Deus abençoe.”

A Ação de Páscoa realizada pelo Voz das Comunidades levou alegria às crianças em forma de chocolate e deixou principalmente às mães felizes em ver o sorriso dos filhos. A ação realizada pela Organização contou com doações e arrecadou 20 mil chocolates que foram distribuídos nas 13 favelas do Complexo do Alemão. E, esse ano, pela primeira vez, no Complexo da Maré, aconteceu, graças a uma doação da Empresária Bianca Andrade, a Boca Rosa, cria da Maré.

Raquel à esquerda diz que não teria páscoa por falta de dinheiro.
(Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades)

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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