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De Sapé à Maré: a incrível trajetória de Dona Maria Rosa

Da lata d’água à resistência que Inspira gerações na Maré
Foto: Joice Bento / Voz das Comunidades

De carregar lata d’água na cabeça a criar seis filhos em um barraco de palafitas, Maria Rosa, 87 anos, transformou dificuldades em força e deixou um legado que vai muito além da família. Conheça a história emocionante da mulher que é símbolo de resistência na Maré.

Prepara o coração porque essa história vai pegar você dê jeito! Imagine uma mulher nordestina, arretada, que cruzou o Brasil com coragem e um sonho na sacola, para escrever uma história daquelas que dá vontade de aplaudir de pé.

Nascida em Sapé, no interior da Paraíba, Dona Rosa é um verdadeiro símbolo de resistência. Na juventude, a mesma foi trazida pelo marido em busca de oportunidades, ela decidiu que a vida precisava ser mais do que só sobrevivência. E foi aí que começou a jornada. De pau de arara – aquele transporte precário que carregou tantos sonhos nordestinos para diversos locais do sudeste do Brasil. Maria veio parar no Rio de Janeiro. E você acha que ela escolheu moleza? Nada disso!

Foto: Joice Bento

O primeiro lar de Maria Rosa no Rio foi no Morro do Chapéu Mangueira. Mas, como boa nordestina que sempre enfrenta as ondas, a maré literalmente a levou para onde seu coração e sua história se fixaram de vez: o Complexo da Maré.

Naquela época, morar na Maré era como viver num barco à deriva, mas sem o glamour dos cruzeiros. Era barraco de palafita, lama por todo lado, e água… só a que ela carregava na cabeça, porque saneamento básico era um luxo distante. Maria Rosa encarava tudo isso com uma força que, sinceramente, dava inveja. Criou seis filhos no meio desse cenário, cozinhando com o pouco que tinha, cuidando de todo mundo e, ainda assim, sempre com um sorriso e um “vai dar certo” na ponta da língua.

Sabe aquela música “lata d’água na cabeça, lá vai Maria”? Pois pode muito bem ter sido escrita pra ela! Dona Maria Rosa foi, literalmente, a mulher que carregava a vida na cabeça enquanto construía um futuro com as mãos. Não é exagero dizer que cada lata d’água era uma promessa de cuidado, amor e resistência
Foto: Joice Bento

Hoje, Maria Rosa é o alicerce de uma família gigante. Avó, bisavó, tataravó… cada geração que veio depois dela carrega um pedacinho de sua força e sabedoria. Seu rosto, com rugas que mais parecem linhas de um poema sobre resiliência, é um livro de memórias vivas. Sua risada, ah, essa é daquelas que acende o ambiente e faz qualquer problema parecer pequeno.

Mas a história de Maria Rosa não é só dela. Ela representa uma legião de mulheres que moldaram as favelas cariocas, que enfrentaram o impossível e transformaram migração, trabalho duro e amor incondicional em comunidades inteiras.

Hoje, ela é celebrada em um projeto fotográfico chamado “Criadeira”, que busca eternizar sua vida e a de tantas outras mulheres em imagens cheias de alma. Porque, afinal, Maria Rosa não é só história; ela é arte, ancestralidade e um lembrete vivo de que a vida pode florescer mesmo no terreno mais árido.

Então, da próxima vez que passar pela Maré, lembre-se de Maria Rosa. Porque a força de cada tijolo, o som das crianças brincando e o cheiro da comida na panela têm, de alguma forma, um pouco da energia dela. E isso, meu amigo, é pura poesia.

Confira galeria de fotos:

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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