A diretora e fundadora do Balé de Manguinhos Daiana Ferreira, 32 anos, faleceu na manhã desta segunda-feira (18). Daiana havia testado positivo para Covid-19 no dia 15 e logo foi internada. Segundo informações, seu pulmão já estava comprometido em 25%, devido a uma cirurgia feita recentemente. Além disso, estava no grupo de risco.
Com esses agravantes, precisou ser entubada. Contudo, teve uma parada cardíaca hoje e não resistiu.
Nas redes, amigos e familiares lamentaram a morte de Daiana. Em sua pagina pessoal uma amiga escreveu. “Muito triste. Uma batalhadora que fez a diferença em sua comunidade, que acreditava na arte e num mundo melhor. Que País injusto. Que notícia triste”.
Paixão pelo Balé
Nascida e criada na Favela de Manguinhos, da Zona Norte, Daiana Ferreira passou a infância em um barraco que não tinha banheiro. Sua mãe, empregada doméstica, criou as três filhas sozinha. A jovem, desde criança, fazia aulas de bale gratuitamente e, quando se formou em Educação física, quis retribuir compartilhando o que aprendeu.
“Como em frente a minha casa tinha uma igreja com um quintal bom, e eu já queria fazer alguma coisa para tirar as meninas da ociosidade das ruas, pedi ao pastor para me emprestar o espaço e comecei a dar aulas de balé”, disse Daiana em uma entrevista.
Daiana criou o projeto em 2012. Inicialmente, chamava-se Balé Furacão Cidadania, que contava com o patrocínio do Jairzinho, ex-jogador do Botafogo. Em 2014, com o fim do apoio, adotou o nome de Ballet Manguinhos. Depois da jovem perder um importante patrocínio, foi ministrar aulas de Balé em associações de moradores, no Centro de Referência da Juventude (CRJ) Manguinhos, na Biblioteca Parque de Manguinhos e na Casa do Trabalhador.
Em 2016 uma instituição da Virginia, nos Estados Unidos, resolveu patrocinar o projeto, incluindo o pagamento dos professores e o aluguel de um imóvel no bairro. Ela se matriculou nos cursos de produção cultural e empreendedorismo social. Desde então, o Ballet Manguinhos já ganhou cinco editais de financiamento de projetos.
Andressa Martins falou da perda de sua amiga de anos. “Receber a notícia foi um choque, até agora a ficha não caiu pra mim. Ela deixou um grande ensinamento a todos que a cercavam e foram tantos. O coração dela sempre disposto a ajudar, pensar na melhor forma de auxiliar a todos, estender a mão pra quem precisava. Ela sempre teve isso na sua essência. Ajudar a quem precisa através dos meios que ela podia”, diz a amiga emocionada.
Daiana Ferreira deixa amigos, familiares e um filho de 3 anos. O dia e o horário do enterro não foram divulgados.