Da Cidade de Deus ao Bolshoi: Bailarino de 9 anos conquista bolsa de estudos em Joinville; saiba como apoiar

Bailarino da Cidade de Deus ganhou vaga em uma das maiores escolas de balé do mundo
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Desde que se encantou com a bailarina mineira Vitória Bueno em uma reportagem que assistiu no ano passado, Wellington Almeida decidiu que faria balé. Hoje, o menino de 9 anos da Cidade de Deus se prepara para uma grande mudança: sair do Rio de Janeiro rumo a Joinville, em Santa Catarina, para estudar na Escola do Teatro Bolshoi. 

Há duas semanas, o bailarino da Academia de Dança Valéria Martins pegava a estrada com suas professoras para uma audição na única filial do Teatro Bolshoi de Moscou. No dia seguinte, enquanto voltava para terras cariocas, Wellington recebeu a notícia de que havia sido aprovado e contemplado com uma bolsa de estudos. “A gente gritou muito de alegria, foi uma bagunça dentro do ônibus!”, contou ele.

Wellington relembra que a primeira vez que fez uma aula de balé sentiu frio na barriga, que só voltaria a sentir novamente nessa audição de Bolshoi. “Eu achei que não ia passar”, disse. Sua mãe retruca: “Eu tinha certeza! Sempre digo que ele tem que pensar positivo”. 

A mãe, que se chama Jaqueline Almeida, chorou e chorou quando recebeu a notícia. “Eu acho que soube antes dele. A cada cinco minutos eu atualizava o site para checar o nome dele ali. Quando apareceu, a família toda chorou de felicidade”, compartilha Jaqueline. 

Wellington e sua mãe, Jaqueline Almeida
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

E a família é grande! Ele mora com mais cinco irmãos, um primo e o padrasto. Todos animados com a mudança. Jaqueline ainda está esperando “a ficha cair”. Muita coisa aconteceu antes da aprovação se concretizar. Uma delas foi sua demissão dias antes da viagem de Wellington, que se deu porque ela pediu para sair mais cedo e resolver a documentação necessária. Ele quis desistir da viagem, mas sua mãe, mais uma vez, apoiou seu sonho. 

“Wellington pra mim é tudo! Eu acredito que ele vai conseguir tudo o que quiser, porque quando ele bota uma coisa na cabeça, ninguém tira. E ele diz que isso tudo é pra me ajudar”, disse Jaqueline, sempre emocionada e trocando olhares carinhosos com o filho, que sorria grande para ela. 

Wellington e Jaqueline Almeida
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Uma peça importante é a Valéria Martins, isso mesmo, a fundadora da companhia que Wellington faz parte. A cada conquista de seus alunos, ela age como se fosse a própria mãe e se desdobra para ser rede de apoio. “Eu fico nervosa, isso vai mudar a vida deles! Ela é uma mãe de verdade, cuida deles, não deixa eles ficarem na rua. É uma oportunidade que Deus deu. A vida dela não foi fácil, merecem demais”, declarou Valéria.

Wellington, que só encontrou o balé há um ano, agora vai estudar durante oito anos em uma das melhores escolas de balé do Brasil. O futuro bailarino profissional, de tamanho pequeno e sonhos grandes, finaliza: “O balé é minha casa. Faz eu me sentir normal… E também sentir amor”.

Link da Vakinha

Uma das maiores dificuldades para essa mudança é a questão financeira, principalmente com a demissão da mãe de Wellington, que era auxiliar de cozinha. Quem puder ajudar o bailarino, basta doar no link da vakinha clicando aqui.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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