Creche no Alemão realiza Arraial Literário para crianças

A Recreação Infantil Estrelinha uniu a tradicional festa junina com a cultura literária dos cordéis

Foto: Reprodução

Na manhã deste sábado (17) a instituição Recreação Infantil Estrelinha, que funciona na localidade da Área 5, no Complexo do Alemão Zona Norte do Rio, organizou um arraial diferente para seus alunos e chamou de: “arraiá literário”. A iniciativa buscou mostrar para as crianças o lado mais tradicional das típicas festas juninas através do Cordel.

O mês de Julho no calendário brasileiro é a certeza de uma coisa: as festas de São João. Essa tradição, que passa de geração em geração, é de origem da região nordeste, e se expandiu para todo o restante do país. A creche então quis relembrar esses costumes para os mais novos. Com isso, veio a ideia de promover o arraial literário, um momento para resgatar a regionalidade do nordeste, porque muitas famílias de favela tem origem lá, com distribuição de cordéis, danças, comidas e músicas típicas, recitação de versos de cordéis e apresentação de teatro.

Cordel nordestino como temática

Representante da creche, Carolina Marinho explicou a escolha do Cordel como temática da festa. “Muita das vezes o cordel é apagado, o registro da oralidade é apagado das aulas, e apresentar este conteúdo de forma lúdica, de um jeito que as crianças pudessem brincar e se apropriar de uma cultura que é nossa”. A escola infantil há 32 anos vem trabalhando com a educação infantil no trabalho de estímulo à socialização, alfabetização e incentivo à leitura na primeira infância. Costuma promover ações que tem como objetivo aumentar o contato com o universo literário.

O arraial contou com a presença do escritor do Complexo do Alemão, Otávio Júnior, que falou sobre a importância de da realização desse evento. “É importante apresentar para as crianças múltiplas linguagens culturais. E o cordel tem uma diversidade por fazer uma junção da palavra escrita com a tradição oral, e nas favelas de certa forma interagimos muito com a oralidade por conta da música. O cordel também tem essa função de estimular outros ritmos através da rima”. Otávio ressalta também a importância deste contato para que desperte nas crianças novas inspirações criativas de uma maneira simples. 

Otávio Junior (cinza) é intitulado como “Livreiro do Alemão e Edmilson Santini é bastante conhecido no Brasil por seus trabalhos de valorização da cultura dos cordéis nordestinos.
Foto: Reprodução

Encontro e resgate da cultura nordestina

Outro convidado muito especial foi o escritor e ator Edmilson Santini. Ele apresentou para as crianças o que é o Cordel. O gênero literário é estruturado em versos e que são publicados geralmente em folhetos pequenos com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas. Daí surgiu o nome. Tem como característica principal as marcas da oralidade, usada para informar e promover o entretenimento.  

“O cordel, como poesia brasileira, dialoga com outras linguagens e temos um trabalho que alcança todas as idades. É muito importante desde cedo levar este incentivo brincando, levando rimas, como fiz aqui, dentro da estrutura do cordel. Mais importante ainda é estar acontecendo isso dentro das comunidades e dentro das escolas”, comentou Edmilson Santini. O artista é uma das referências no trabalho educacional através do ensino do cordel, com rimas e apresentação teatral.

Atualmente, a instituição atende 150 crianças de 0 a 8 anos em situação de vulnerabilidade social. Para contribuir com a Recreação Infantil, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou através do instagram.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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