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Copa Rei da Vila Kennedy: nove times em busca do título na Zona Oeste

O campeonato está na sua primeira edição com a atual organização, liderada pelo ex-atleta Flávio Barros

Favela, silêncio na favela“. A provocação amigável, geralmente cantada pelas arquibancadas dos estádios cariocas, foi usada no Campo do Vila, após a vitória do Leão B13 em cima do Favela FC, times que disputam a Copa Rei da Vila Kennedy. O campeonato está na sua primeira edição com a atual organização, liderada pelo ex-atleta Flávio Barros e acontece todos os domingos.

Revelado nas categorias de base do Vasco, Flávio é cria da Vila Kennedy e também jogou por Flamengo, Barcelona (ECU), Nacional (URU), entre outros times nacionais e internacionais. Conhecido como Deinha, o ex-jogador conta que o maior desafio é colocar regras que se aproximam do futebol profissional e exigir maior disciplina das pessoas que disputam o campeonato.

Aqui é a minha área, eu amo isso. Sou cria, devo muito para a Vila Kennedy. Nós organizamos tudo em uma semana. Convocamos os times, houve o patrocínio dos comerciantes locais. Nós tomamos algumas precauções, temos termômetro para checar a temperatura dos jogadores. A equipe técnica não pode ficar circulando no campo, a gente dá cartão se eles descumprem alguma regra“, conta Flávio, de 42 anos.

A competição tem duração de três meses, com a final em novembro, e conta com nove times – Leão B13, Manilha Milan, Malvinas FC, Metral FC, Barrãocelona, Final Madrid, Favela FC, Fênix Progresso e Celta FC. A primeira fase é disputada por pontos corridos e os quatro melhores se classificam para o mata-mata. O Campo do Vila, tradicional na região, recebe diversas torcidas organizadas e uma festa enorme todos os domingos. A premiação para o campeão é de R$ 7 mil e ainda há prêmios para o goleiro menos vazado e o artilheiro da competição.

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Terra dos jogadores

Além de gandula, torcida organizada e equipe de arbitragem, o campeonato na VK é conhecido pelos bons jogadores e alto nível de competitividade. Deinha não é o único ex-atleta que saiu do Campo do Vila. Léo Moura, Eduardo da Silva e Hugo são outros exemplos de jogadores famosos que são crias da Vila Kennedy. Para continuar criando carreiras de sucesso, Flávio criou a instituição social FB Soccer, que dá aula de futebol para 380 crianças.

Aqui já teve jogador indo para clube profissional. Estou há seis anos aposentado e me vejo nas crianças do projeto. Não tem coisa melhor que dar aula e fazer o projeto para a minha comunidade“, afirma Flávio Deinha.

Flávio ‘Deinha’, organizador da competição / Foto: Selma Souza

Um dos destaques do campeonato até o momento é o jogador Matheus, conhecido como Neymarzinho, de 22 anos e camisa 10 do time Manilha Milan. Com quatro gols na competição, ele jogou na base do Criciúma, América MG, Bangu e Boavista. Entretanto, largou a carreira profissional para trabalhar e hoje se diverte no gramado do Campo do Vila.

O que eu vejo de diferente é a organização daqui. O jogo começa no horário certo, sem atraso. Hoje eu me divido entre o trabalho nos dias de semana e os jogos aos domingos. Mas levo de boa. Têm alguns caras que jogam aqui e são profissionais. É sempre bom ver um bom futebol. Já enfrentamos o time da casa (Leão B13) com esse campo lotado. Acabamos perdendo, mas foi uma emoção boa. Agora estamos a um jogo da classificação“, relata Matheus.

Matheus “Neymarzinho” (10) em campo / Foto: Selma Souza

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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