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Conheça “Queniano Branco”, o corredor campeão que mora no CPX do Alemão

Seu José de Andrade, de 56 anos, se tornou corredor profissional, mas começou correndo pela saúde
Queniano Branco do CPX. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Queniano Branco do CPX. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Nessa longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar!”, esse trecho da música “Estrada da Vida” (1977), dos cantores sertanejos Milionário e José Rico, é perfeito para contar a história do seu José de Andrade, de 56 anos, o “Queniano Branco” do Complexo do Alemão. Seu Zé, como é conhecido no Morro da Alvorada onde mora há 33 anos, começou a correr por questões de saúde.

Seu Zé foi diagnosticado aos 27 anos com Espondelite Anquilosante, uma inflamação que afeta coluna vertebral e as articulações grandes como quadril e os ombros. Ele conta que indicaram para ele a corrida para melhorar o quadro da doença que atrofia o corpo e piora no período de frio. Começou correndo por conta própria, de forma amadora. E depois integrou a Equipe de Corrida do Alemão.

No começo não tinha o apoio da família. “As pessoas faziam piada porque eu uso short curto de corrida”, conta. Mas com o tempo, viram que ele estava ficando conhecido e aí conseguiu o respeito. Ele conta que a esposa dele brinca. “Quando tu morrer, vai ter que levar esses troféus no caixão”. Só esse ano, Seu Zé já ganhou três corridas que entram na sua coleção, somando 380 prêmios. E já participou de muitas competições.

Entre elas, a Corrida Pela Paz do CPX do Alemão, a Meia Maratona do Rio, o maior evento de corrida da América Latina e a São Silvestre do Fundão, na Ilha do Fundão, onde treina. Seu Zé diz que os filhos não seguiram a carreira de atleta de rua, mas um deles é professor de jiu-jitsu, outro também prática artes marciais. E todos se orgulham do pai.

Seu Zé exibindo troféu junto com colegas de corrida.
Foto: Instituto Jaqueline Terto / Arquivos

A curiosidade de todos é no apelido. Por que Queniano Branco? “Um dia estava correndo em Petrópolis, e passei por dois quenianos, mas eu pensei que eles tinham parado para descansar e segui, quando cheguei no fim da corrida me falaram que eu tinha passado eles e me colocaram o apelido”. Zé conta rindo.

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Seu Zè no centro junto com corredores do Instituto onde treina.
Foto: Instituto Jaqueline Terto/ Arquivos

Há 10 anos o Queniano Branco faz parte do Instituto Jaqueline Terto, uma fundação voltada para a prática esportiva que atende pessoas com e sem deficiência. Michele Domiciano, que trabalha na instituição e corre junto com Zé, conta que conseguiram incluir o corredor na categoria PCD devido a Espondelite. “Preferimos que ele corra como PCD para ter mais oportunidade de um bom desempenho”, e seu Zé não se sente limitado por ser PCD.

Diminuindo a passada

O Queniano Branco está prestes a realizar uma cirurgia de hérnia e quando se recuperar, vai correr só pela saúde. O Queniano Branco deixa um recado para quem quiser seguir seus passos e dá dicas de como ter um desempenho melhor nas competições. “Se quiser me acompanhar eu ajudo. Tem que inclinar um pouco o peito para a frente, não pode sair forte demais. Até a forma de pisar faz diferença na corrida”, aconselha

Devido à uma cirurgia, o Queniano Branco vai diminuir o ritmo.
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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