Na manhã de ontem (05), na Rocinha, Zona Sul da cidade do Rio, iniciou a circulação do jornal impresso do veículo comunitário Fala Roça. Em sua 13ª edição, o Fala Roça traz na capa a falta de espaços adequados para a prática de esportes na Rocinha. Desde o início da pandemia a distribuição que era feita de porta em porta pelos becos está suspensa.
O Fala Roça é um jornal impresso e online, em circulação desde 2013 na Rocinha. Em seu oitavo ano de circulação do jornal impresso, o atual modelo tem uma tiragem bimestral de 5 mil exemplares, com 8 páginas coloridas. Toda a produção, exceto a impressão, é feita por jornalistas e fotógrafos da própria Rocinha. A matéria principal, que vem como capa desta edição, aborda a ausência de espaços adequados para a prática de esportes dentro da comunidade. Através do mapeamento de 15 praças e quadras poliesportivas, constatou-se que não existe nenhum espaço esportivo equipado no interior da favela que contemple outras modalidades além do futebol.
Além desta pauta, a edição número 13 também aborda a inspiradora história da Rizonete que, aos 58 anos, passou no vestibular e vai cursar pedagogia na UERJ em 2022. Hoje, na era das redes sociais e meios digitais, o jornal impresso segue resistindo e tendo sua relevância para levar informações aos moradores que têm pouco acesso a estas informações. “Em tempos de fake news e desinformação não tem espaço para deixar de produzir impresso. Jornal na rua, papo com o morador ao vivo é resistência”, afirma Michele Silva, coordenadora do Fala Roça e explica que não há planos de suspender a publicação.
CAFÉ COM FALA ROÇA
Com avanço da vacinação, o Fala Roça decidiu resgatar o contato com a rua, o olho no olho com as pessoas. Através do “Café com Fala Roça”, os moradores são convidados a parar um pouco, tomar um café com a equipe, ler o jornal e compartilhar suas histórias. A distribuição do jornal é gratuita (e o café também)!
Michel Silva, coordenador de jornalismo, comentou sobre a atuação e importância do Fala Roça. “Na hora de irem trabalhar, os moradores podem passar na nossa mesinha, pegar um café e bolo sem custo e ainda levar um exemplar para ler ônibus, no intervalo do trabalho. O jornalismo não é só o ato de informar, mas também de construção de relações humanas e para um jornal de favela isso é fundamental para contrapor as narrativas negativas que criam sobre quem mora aqui”.
É possível ler todas as reportagens através do site www.falaroca.com e também acessar as versões digitais de todas as edições anteriores. Além disso, o site tem uma opção de se tornar assinante através da campanha no Catarse, com doações mensais a partir de R$5.