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Com 15 anos de existência, projeto social é referência na comunidade e no Jiu-jitsu

O projeto Vidigal Brazilian Jiu-Jitsu vem aplicando muito mais do que aulas de uma arte marcial, exercendo aulas de cidadania através do esporte
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades

Conhecido como a arte suave, o Jiu-jitsu é uma das principais artes marciais praticadas pelos brasileiros. Este apelido de arte suave se dá na sua origem japonesa. Na escrita original, em japonês, o nome tem significado de “suavidade, brandura, flexibilidade, arte e técnica”. Daí o apelido. Contudo, muito mais que uma arte marcial ou um esporte, o Jiu-jitsu transmite diversos valores aos seus praticantes. Entre eles, o respeito, obediência e educação. Dentro de uma favela, ensinar estes valores em forma de esporte para crianças e jovens se torna algo muito precioso. É o que fez o mestre José Carlos Vieira, de 44 anos, que, desde 2006, ensina o Jiu-jitsu de forma gratuita a centenas de crianças do Morro do Vidigal. 

Edson Morais (de branco) ao lado do Mestre Zé Carlos (de preto) são os principais responsáveis por conduzir o projeto
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades

A luta fora dos tatames 

Além da superação diária de manter um projeto social, com fatores como estrutura e apoio financeiro, o mestre Zé Carlos ressalta como o Jiu-jitsu na sua origem era um esporte muito mais elitizado e que, ao levar esta prática para a comunidade, o esporte se choca com as barreiras da vulnerabilidade social. 

“Quando o Jiu-jitsu chegou aqui no Brasil, não era uma arte marcial para gente, morador de favela. Kimonos caros, material de treinamento caro. Não era um esporte acessível para ser praticado, por conta das altas mensalidades”, explicou o mestre. Essa dura realidade fez com que José Carlos interrompesse o seu projeto algumas vezes nesses últimos 15 anos. Mas, por conta de dois alunos que foram praticamente na sua casa pedir para que ele não parasse de dar aulas, o mestre se viu na obrigação de continuar.

“Nada aconteceu só por mim. Somos todos nós! Apenas puxei o bonde. Somente fui uma referência. Por meio de mim, o projeto surgiu, mas, através da força de vontade de cada um, continuou e a raiz cresceu. Aqui neste tatame passam pessoas de diversas classe sociais, de diferentes lugares. Mas, quando entram aqui, são todos iguais. O esporte faz isso”, contou José Carlos. Uma das principais responsáveis por essa retomada foi a Associação de Moradores do Vidigal, que abriu as portas para o mestre dar continuidade ao seu projeto. 

Frutos do tatame 

Uma destas sementes é João Victor Lino, de 11 anos. Há 5 anos praticante de Jiu-jitsu, João fala como sua vida mudou neste período. “O Jiu-jitsu me deu mais confiança e força de vontade. Hoje o Jiu-jitsu representa muita coisa pra mim. Mas, a honra, disciplina e respeito com o próximo são as coisas que mais aprendemos aqui”. 

Mesmo tão novo, João é um dos principais lutadores da equipe 
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades

Para mais informações, basta entrar em contato com o Instagram do projeto: @vidigalbjj. Também é possível ir até a o prédio da Associação de Moradores do Vidigal, que fica na avenida Presidente João Goulart, número 737. 

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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