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CNC: ‘SUS da Cultura’? Secretária do MinC explica Sistema Nacional de Cultura, aprovado no Senado

Votação aconteceu na última terça-feira (5), concomitantemente à 4ª Conferência Nacional de Cultura, em Brasília (DF)
Foto: Paulo Cavera
Foto: Paulo Cavera

“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional”, diz o artigo 215 da Constituição Federal de 1988. Esse é um ponto de partida essencial para debater alguns questionamentos sobre a importância da Cultura no Brasil – mas não o único. No entanto, a questão deveria ser: este direito está sendo assegurado? Na última terça-feira (5), concomitantemente à 4ª Conferência Nacional de Cultura, em Brasília (DF), o Senado aprovou o Sistema Nacional de Cultura (SNC). Secretária dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura (MinC), Roberta Martins explica o que, na prática, é a SNC. 

SNC é um processo de gestão e promoção das políticas públicas de cultura democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação (União, Estados, DF e Municípios) e a sociedade civil. Roberta Martins simplifica: “Existe o SUS, que é o Sistema Único de Saúde, certo? SNC é como o SUS, mas da Cultura”. 

“Olhando para trás, a estruturação do SUS possibilitou ao Brasil o acesso à Saúde como um direito universal. Na Cultura, o SNC significa a estruturação da gestão pública de cultura e fortalecimento da participação social. para que consigamos garantir efetivamente o direito universal à Cultura”, compara. 

Roberta reforça que a SNC organiza toda a estrutura pública da política de cultura. “Precisa ser organizada nos municípios, estados e governo federal. Cada um com sua responsabilidade, competência e atribuição; ou seja, quem financia, quem organiza e quem possibilita que o direito à cultura da população seja efetivado.”

A grande jogada de transformar a Cultura em sistema é se estabelece como uma estrutura política. Sendo assim, não pode ser desfeita com a mudança de governos – não há como extinguir, mas sempre há como avançar. “Qualquer estrutura política é um processo permanente. No SUS, até hoje a gente tem incorporação de novas necessidades de direito, por exemplo”, ressalta a secretária dos Comitês de Cultura. 

“Nessa conferência discutimos 10 anos em 5 dias. As demandas e falas importantes são várias. Para a política pública, qualquer área precisa de um plano. A partir de agora, com as proposições aprovadas na plenária final, vamos ter a possibilidade de orientar diretrizes a fim de entender as metas que vamos atingir. Se a gente olha outras políticas públicas, sabemos quantas pessoas precisam se vacinar.  Na cultura também precisamos de metas mensuráveis e atingíveis.”

Roberta Martins, Secretária de Comitês da Cultura MinC

Favela e emprego

A Cultura é responsável por mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com o Observatório Itaú Cultural. “A Cultura é um dos principais pontos da agregação de empregabilidade, a gente gera muitos empregos agregados. Em um evento na favela, por exemplo, há o artista, montador, tia do cachorro-quente… tudo isso movimenta a economia”, explicou.

Um exemplo bem próximo da nossa realidade é o ‘Favela Gastronômica’, realizado pelo Voz das Comunidades, em janeiro deste ano. Foram mais de 5 mil pratos servidos, o que impactou diretamente a economia local. Só para os empreendedores participantes, foram R$ 120 mil. Mas para a comunidade como um todo, mais de R$ 300 mil. No entanto, não é comum que eventos do tipo aconteçam nas favelas cariocas, que historicamente têm seus direitos violados – o acesso à Cultura é mais um deles.

“Se a gente está num favela do Rio e tem uma demanda daquele lugar para fazer um grande festival de funk ou hip hop, a gente precisa de algumas coisas pra poder possibilitar. Uma delas pode ser o financiamento, outra a formação para que se tenha produtores culturais naquele lugar com a melhor qualificação, para que, assim, eles possam fazer aquela atividade com mais qualidade”, pontua Roberta, de maneira prática, como a SNC poderia estar presente na vida da população favelada.

É muito importante a gente enxergar a cultura brasileira como um direito de todos. Por isso essa votação no senado foi tão importante. É uma grande vitória do setor cultura e da sociedade brasileira”, finaliza.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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