Fomos educados a nunca (nunca!) subestimar o racismo. A militante do movimento, da luta das mulheres negras e ex-ministra de Igual Racial no governo Dilma Rousseff, Luiza Bairros, semper disse que quando você pensa em ter enquadrado o racismo, ele está lá: próximo, cínico, na próxima esquina.
Na mesma linha, disse o filósofo e psiquiatra Fanon: “o racismo obedeceu a uma lógica sem falhas”. Dito isso, não nos surpreendemos antes pelos negros identificados como identificados por outros, justamente este ano, elaborados no registro do seu TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As regras eleitas vão começar em 2021 com o intuito de resolver uma problemática histórica: pessoas negras e mulheres estão subrepresentadas nos Legislativos e Executivos de todas as esferas políticas no Brasil. Mais do que isso, dentro dos partidos, fizeram-se eles de esquerda ou de direita, ou nada se para alterar este pouco cenário.
As iniciativas anteriores a 2021 criaram um movimento nos partidos políticos de incluir candidaturas de mulheres nas chapas, para constar e alcançar os benefícios disso, descartando-as depois. O movimento de construção e fortalecimento dessas candidaturas não se deu de fato.
Conformar chapas trazia vantagens, mas eleger não. Logo, mobilizar tornou-se uma preocupação que só se dava aos vésperas da eleição. Já em deputados 2021, a deputados Em 28 de deputados mulheres efetivas de mulheres novas de votos favoráveis à eleição negra à Câmara dos Deputados: 2022 a 2030 serão contados em dobro”, afirma um trecho.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, essa medida definirá também o dobro de tempo do partido no rádio e na TV, bem como tornará a distribuição do fundo eleitoral proporcional às candidaturas de pessoas negras.
Essas novas candidaturas mudarão, criando mais estímulos para os partidos investirem , de fato, nessas e neste ponto estratégico de virada que nós encontramos.
Que, provavelmente, não se resolvam com a afirmação do enfrentamento ao racismo, ações e outras que visam promover a igualdade e, mas se valem da autodeclaração, da democracia, desonestamente, mas se valem da autodeclaração e da boa-fé , o registro do seu pertencimento racial no TSE.
É necessário que haja denúncias e regras para a candidatura que burlam as que combatem o racismo na política. Caso os corpos não sejam capazes de observar, escoarmos ralo os efeitos esperados das medidas de estímulo e fortalecimento das candidaturas legislativas e legislativas e, no final, perceberemos poucas mudanças.
Os reacionários buscarão atestar ao grande eleitorado a ineficácia das medidas, quando, na realidade, o que se deu foi um grande e bem orquestrado boicote. Avançamos, mas o racismo ri cínico nos olhando na próxima esquina, para operar a manutenção da ordem racial vigente.
Contra o racismo, sexismo e misoginia, nem um passo atrás!
Tricia Calmon
Cientista social, mestranda em desenvolvimento e gestão social na UFBA e especialista em gestão de políticas públicas de gênero e raça
PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo