A campanha Prato Cheio de Sonhos foi oficialmente lançada no galpão do Centro Cultural Oca dos Curumins, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, nessa terça-feira (15). Coordenada pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), em um trabalho coletivo com 12 ONGs do território, a campanha distribuiu 740 cartões eletrônicos que serão carregados com R$ 150 durante os meses de novembro, dezembro e janeiro. O objetivo é amenizar os impactos da fome e insegurança alimentar na primeira infância (crianças de 0 a 6 anos), que piorou nos últimos anos.
No local de lançamento do “Prato Cheio de Sonhos”, estiveram presentes várias famílias, que participaram de rodas de conversa sobre alimentação saudável, qualidade nutricional e aproveitamento de alimentos. Uma das mães presentes foi Carla da Silva, de 29 anos, que soube da campanha através do projeto Vidançar, onde seus dois filhos, de 6 e 7 anos, fazem aulas de balé e reforço escolar. Como o cartão é para crianças de até 6 anos, ela receberá somente um e já disse que será dividido entre os dois. “Vai fazer uma grande diferença, chegou na hora certa!”, disse.
Rita Corrêa Brandão, diretora do Ibase, ressaltou que a fome voltou a assolar o Brasil e que somente no Rio de Janeiro há 2,7 milhões de famílias nesta situação. “A gente ficou pensando sobre o principal norte que nos assustava nesse quadro: a fome na primeira infância. Sabemos que a fome na primeira infância afeta o desenvolvimento cognitivo e psicomotor das crianças e isso afeta não só o desenvolvimento e aproveitamento escolar, como também a vida adulta”, pontuou.
Rita acrescenta, ainda, que “foi uma campanha construída por muitas mãos. Agora, a ideia é conseguir captar mais para levar a mais famílias e mais comunidades. E, também, sensibilizar o poder público, né?”. Ela conta que terão mais dois eventos de conscientização a serem definidos coletivamente, com a presença de profissionais do próprio território que, segundo ela, têm um trabalho fantástico com a primeira infância.
Tia Bete, responsável pelo Centro Cultural Oca dos Curumins, onde há capoeira, alfabetização de adultos, entre outras atividades, foi uma das mãos que ajudou a construir a campanha. Ela compartilha que já existiam algumas famílias cadastradas e outras que são atendidas de acordo com a necessidade.
“Mas nem sempre a gente (enquanto projeto social) tem como atender. Eu espero que essa campanha seja ampliada e que tenha uma repercussão enorme, porque infelizmente o número da fome realmente aumentou. Temos mais famílias, mais crianças passando fome e a gente percebe isso no dia a dia”, ressaltou Tia Bete.