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Bailarina do Chapadão brilha na Ópera Le Villi, no Theatro Municipal do Rio

A jovem também se prepara para uma competição de balé em Salvador no próximo ano
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Aos 12 anos, Bárbara Teles, moradora do Village, no Complexo do Chapadão, trilha uma promissora carreira no mundo do balé. Ela começou sua jornada artística em 2017, quando tinha 5 anos, com aulas em Guadalupe. E com muita prática e esforço que em 2022, deu salto importante ao ser admitida no Studio Gouveia Coaching, onde se preparou para o processo seletivo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O esforço e a dedicação resultaram em uma grande conquista: uma vaga no prestigiado corpo de balé do Theatro Municipal.

No dia 21 de setembro, Bárbara viveu um momento inesquecível ao ser selecionada para participar da Ópera Le Villi, de Giacomo Puccini, uma das mais importantes obras do repertório clássico. “Fiquei muito feliz em ser uma das escolhidas”, conta a jovem bailarina. Sua mãe, Janaina Teles, de 47 anos, transborda orgulho. “Com tantas meninas lindas e talentosas na escola, escolheram ela”, celebra. Toda a família marcou presença no evento para aplaudir esse marco na carreira de Bárbara.

Desde pequena, Bárbara sonhava em ser bailarina, e agora, aos poucos, vê seus sonhos se materializando. “Estou aprendendo muito! Para mim, o balé é para a vida. Espero que todo meu esforço transforme a minha vida e a da minha família”, reflete. Ela também compartilha um desejo especial: que todas as meninas do Complexo do Chapadão, especialmente as meninas negras, conquistem seus sonhos. “Não desistam. A jornada é difícil, exige muita dedicação. Mas todas as oportunidades que aparecerem, agarrem com tudo”, aconselha.

Além do sucesso recente, Bárbara já coleciona participações em diversos festivais de balé, incluindo o Fendanit, onde competiu em maio deste ano no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói. Lá, ela conquistou uma bolsa de estudos para o curso de férias de verão Cultura Experience, que acontecerá em Salvador, entre os dias 6 e 11 de janeiro de 2025.

Janaina, sua mãe, expressa o orgulho e o compromisso com o sonho da filha. “Ela se dedica muito, é apaixonada pela arte. E como mãe, faço de tudo para que ela siga o sonho de ser bailarina e alcançar grandes companhias de balé”. No entanto, a rotina de Bárbara não é fácil. “Ela faz aula de segunda a sexta no Studio Gouveia Coaching, das 14h às 16h, depois vai para o Theatro Municipal, das 16h às 17h, e retorna ao Studio Gouveia, onde fica até as 19h. A gente mora longe e não recebe nenhum financiamento para passagem ou alimentação. É um custo diário alto”, desabafa Janaina.

Renata Gouveia, professora de balé e mentora de Bárbara no Studio Gouveia Coaching, acompanha de perto a evolução da jovem nos últimos dois anos. “É um orgulho enorme ver meninas negras se empoderando. Sempre incentivo a usarem meias da cor da pele, para que entendam o valor que têm. Bárbara está evoluindo muito e temos grandes planos para ela, além do Brasil”, comenta Renata, vislumbrando um futuro brilhante para sua pupila.

Uma das grandes inspirações de Bárbara é a bailarina Ingrid Silva, reconhecida mundialmente por pintar suas sapatilhas da cor de sua pele. Para Bárbara, Ingrid é um exemplo de resistência e conquista, uma verdadeira referência que tem aberto portas para outras bailarinas negras.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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