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Atuando no resgate cultural, iniciativa registra histórias e experiências das favelas no Brasil

Criado em 2016, mas lançada em 2019, a plataforma Wikifavelas - Dicionário de Favelas Marielle Franco funciona como um acervo de memórias do que é produzido e vivenciado dentro desses territórios
Foto: Douglas Lopes / Redes da Maré / Divulgação
Foto: Douglas Lopes / Redes da Maré / Divulgação

As favelas do Rio de Janeiro e do Brasil possuem um grande acervo de informação cultural e local, muito disso passa pelas iniciativas sociais e experiências vivenciadas pelos moradores nestas regiões. Com o objetivo de criar um espaço focado nessa bagagem histórica, a plataforma colaborativa “Wikifavelas – Dicionário de Favelas Marielle Franco” reúne diversas memórias, relatos, identidades coletivas e projetos destas localidades. Criado em 2016, mas apenas lançado em 2019, após aprimorações, o projeto conta com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Marielle Franco.

Sendo um “baú” de resgate das histórias das favelas e periferias do país, o site já ultrapassou mais de 269 mil acessos. Para a socióloga e professora de sociologia Clara Polycarpo, de 29 anos, a importância e destaque da plataforma passa pela possibilidade de criar uma narrativa plural destes territórios, auxiliando na construção e viabilização democrática de conhecimento.

Foto: Reprodução
A plataforma reúne informações, histórias e iniciativas das favelas no Brasil. Foto: Reprodução.

“Sabemos que as plataformas não são dispositivos neutros e que a escrita é uma técnica dominada por epistemologias que silenciam as formas de contar a história de grupos marginalizados. Procurando superar alguns desses limites, criamos meios técnicos para que outras formas de expressão pudessem ser compartilhadas na plataforma, como imagens, poesias e audiovisuais, por exemplo. Hoje, já alcançamos mais de 1.330 verbetes que resgatam a história de mais de 110 favelas e periferias do Brasil, em localidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Bahia – além de países como Argentina, México, Uruguai, Peru e África do Sul”, explica.

Contudo, Clara comenta que as ações do Wikifavelas ultrapassam a esfera digital, indo para o campo “real”, pois o projeto também atua na capacitação profissional, no desenvolvimento cultural e na acessibilidade educacional. Nos últimos anos, a iniciativa promoveu duas séries de estudos com ativistas de favelas e de periferias para debater os temas relacionados à pandemia, saúde mental, violência de Estado, racismo, cultura, política e outras pautas que são essenciais para diminuir o contexto de desigualdade social.

“Todo esse trabalho colaborativo é, essencialmente, político e, portanto, parte do nosso compromisso com a expansão da cidadania, na luta pelo direito à memória, pelo direito à cidade e pelo direito à favela. É por isso que é muito importante para nós que o Dicionário de Favelas Marielle Franco alcance cada vez mais favelas e regiões do Brasil e possa ser apropriado por seus moradores e moradoras”, compartilha.

De forma colaborativa, a plataforma é atualizada semanalmente junto a uma equipe formada por pesquisadores e especialistas. Para acessar os conteúdos disponíveis no Wikifavelas, basta acessar este link a seguir (https://wikifavelas.com.br/index.php/Dicion%C3%A1rio_de_Favelas_Marielle_Franco)

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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