Foto: Divulgação
Quem assiste a novela Gênesis na TV Record pode conferir em breve o trabalho do ator André Dread, 39 anos, que interpreta o personagem Okpara, um nobre do Egito.
André é cria da Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Além de ator, é produtor do Instituto Arteiros e ativista social. O artista sempre elevou o nome da sua favela para todos os lugares por onde passou.
Quanto ao seu mais novo personagem na novela, falou da importância de ter um papel de destaque. “Estou muito feliz por essa oportunidade de fazer o Okpara, de estar nesse lugar de um nobre egípcio, mas precisamos avançar e muito. Nós negros somos minoria nas grandes produções e, quando somos escalados, não nos vemos representados na maioria das vezes”, diz o ator.
André deixa claro seu posicionamento sobre a questão de representatividade negra no cenário da teledramaturgia. “São poucos os papéis de destaques. Precisamos mudar esse cenário com urgência, ver nossas histórias sendo contadas. A história da família popular brasileira não pode ser contada só por brancos. Precisamos ver mais negros fazendo advogados, médicos, galãs, porque tem! existe!”
Cidade De Deus
Atualmente, André divide seu tempo entre gravações e ativismo com a Coordenação de produção do Instituto Arteiros, grupo teatral reconhecido na Cidade de Deus e demais favelas. “Eu vi toda construção dos Arteiros e as dificuldades que eles passaram lá trás. Nessa época, eu estava no Nós do Morro. Queria muito ter estado mais próximo, mas, por conta do pouco tempo que eu tinha, não dava para colar e ajudar. Porém, graças a Deus, eles fizeram uma linda diferença na vida muitos jovens. Os Arteiros representa pra mim esperança”.
Em relação a comunidade que cresceu, também comentou a respeito da sua devolutiva com a favela e sobre o preconceito de quem mora nesses territórios. “Fiquei feliz de contribuir. Por conta da pandemia, juntamos alguns coletivos da Cidade de Deus para formar a Frente CDD. A sociedade brasileira considera pessoas que vivem em favela inferiores. Vivi a minha vida toda dentro da favela. As injustiças acontecem a todo momento. Nascemos alvo de um sistema extremamente racista, mas não é só aqui, o racismo está em em todo o país”, Finaliza André.