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Ato por Justiça à Kathlen Romeu acontece antes da segunda audiência do caso: “Só queremos viver o luto em paz”

Grávida de um bebê, a jovem morreu executada por policiais no Complexo do Lins
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

Antes da segunda audiência da primeira fase do caso Kathlen Romeu, que aconteceu nesta segunda-feira (7) às 14h, familiares e amigos fizeram um ato pedindo por Justiça em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no Centro da cidade.

Na audiência, foi reafirmado que não houve confronto entre Polícia Militar e traficantes, e que o tiro que acertou Kathlen partiu do fuzil de um PM. Marcos Felipe da Silva Salviano e Rodrigo Correia de Frias são os réus do caso; eles ainda exercem função nas ruas do Rio. Os policiais respondem também a outros processos.

Jackeline Oliveira, mãe da jovem, reafirma que a família só quer Justiça. “A verdade está sendo dita desde 8 de junho. O que nós falamos, o DH (Direitos Humanos) falou e a promotoria também falou. O que falta para que os policiais que assassinaram minha filha sejam punidos?”, disse a mãe.

“A gente só quer viver nosso luto em paz. Não queremos vitória porque já perdemos lá atrás e ninguém vai devolver para a gente. É sempre a mesma falta”, desabafa Jackeline Oliveira, visivelmente cansada de estar há 2 anos lutando pela memória de sua filha.

Pai da vítima, Luciano Gonçalves diz que viver em prol de uma saudade é covardia. “Acabaram com a nossa família. Nós fomos enterrados juntos com ela e ainda temos que provar que a nossa filha foi ceifada. Os corpos pretos caem e as pessoas continuam romantizando o nosso extermínio. Nós só queremos que a lei seja cumprida para seguir e viver a nossa nostalgia”, compartilha o pai, também com os olhos cansados de tanto repetir as mesmas coisas para obter Justiça. Ele conclui: “Não somos contra a polícia, somos contra a má conduta”.

Advogado da família de Kathlen Romeu, Rodrigo Mondego explica o caso

”O caso da Kathlen Romeu hoje está na primeira fase do júri, que é a fase onde o juiz determina se o caso vai a júri popular ou não. Nisso, ele ouve todas as testemunhas, vê as provas e analisa se tem disso homicídio doloso (o que há intenção de matar). A partir daí, o juiz decide se vai ter pronúncia, que é o nome que eles dão. Se tiver a pronúncia, o caso vai a júri popular. Na audiência de hoje foram ouvidas mais duas testemunhas, que afirmam categoricamente o que a gente já sabe desde o início: que não teve confronto. Os policiais estavam fazendo uma troia, tinham invadido uma casa e eles ficaram de tocaia para tentar pegar o pessoal do tráfico de surpresa e praticar uma execução sumária. Eles erraram o tiro e acertaram a Kathlen. Essa é a versão que a gente sabe desde o início e foi corroborada hoje pelas testemunhas”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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