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Aquecimento Festival WOW: jornalistas negras constroem a mesa por uma comunicação feminista e antirracista

Comunicadoras abordaram assuntos relacionados a produção das matérias em veículos independentes e tradicionais
Por uma comunicação feminista e antirracista . Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

Texto colaborativo: Voz das Comunidades e Maré de Notícias

A segunda mesa do Aquecimento do Festival WOW (Mulheres do Mundo) aconteceu no sábado (19), na sede do Voz das Comunidades, no Complexo do Alemão e contou com a presença de figuras importantes dentro da comunicação brasileira, são elas: Victória Henrique, repórter da TV Globo e mediadora do debate, junto com a Thaís Bernardes, empreendedora social e fundadora da Notícia Preta e também, a Vitória Régia, Presidente e criadora de conteúdo da Revista Gênero e Número. A programação é uma prévia para o festival, que traz palestras e atividades que abordando o protagonismo de mulheres em diferentes áreas profissionais e sociais.

O jornalismo contra hegemônico foi o primeiro assunto colocado à mesa: Thaís elaborou sua fala, a partir do quantitativo de funcionários na empresa que ela coordena, com 23 jornalistas dentro da redação do Notícia Preta, um veículo de mídia nacional. “Não existe matéria de preto, assunto é de todo mundo”, reflete a CEO do Notícia Preta. E complementa a jornalista Vitória, do Gênero e Número: “É a lente que a gente olha o mundo: eu falo sobre esporte, justiça climática, tudo a partir desse olhar [mulheres e dados]”, destaca.

“A gente cresce no jornalismo com essa falácia da neutralidade, né? Mas eu sempre falo que a neutralidade só serve a um grupo, que é o grupo que se diz neutro. Porque o neutro tem cor, tem gênero, tem território”, conta Vitória.

Para ela, a ideia de neutralidade que se fala no jornalismo serve só para manter quem tá no poder, no poder. “Eles adoram falar dessa neutralidade e falar de que a gente precisa ouvir os dois lados da mesma forma, mas quando foi que durante uma operação policial o jornalismo tradicional colocou a fala do morador no mesmo lugar do que a fala da polícia? Isso nunca aconteceu, essa neutralidade nunca existiu”, completa.

O debate se intensificou e trouxe as violações de direitos com diferentes corpos, principalmente, se tratando do crime de estupro atinge uma parcela da população de mulheres, meninas e pessoas com capacidade de gestar que sofrem desta violência e muitas vezes, não tem como recorrer. Quem passou a discorrer sobre foi a Vitória Régia da Revista Gênero e Número e elaborou: “acho que a comunicação tem esse lugar muito importante, porque ela acontece com mulheres e organizações”, afirma. E ao mesmo tempo, soube trazer estratégias de informações para ajudar essas vítimas com a criação de um box, explicando em quais casos, o aborto é permitido e as organizações que ofertam ajuda para garantir o direito ao aborto seguro.

Jornalista Vitória Régia da Revista Gênero e Número no Esquenta Festival WOW.
Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

O encontro de hoje mostrou a importância do Notícia Preta na trajetória da mediadora, Victória Henrique, ela trabalhou no veículo durante um tempo. A jornalista Thaís traz a perspectiva em estar neste evento. “Então, hoje eu tá aqui no festival tão importante, dividindo a mesa com uma jovem que foi fruto do meu projeto, revela o que eu já sabia o Notícia Preta é transformador”, empolgada disse Thaís.

As mídias independentes exploram o financiamento e além disso, se impulsam no mercado trazendo outra forma de fazer dinheiro. Um exemplo disso é Escola de Comunicação Antirracista, produto do Notícia Preta, lugar de formação e com todos os materiais gratuitos.

“O Notícia Preta é feito 100% por pessoas negras e faveladas, ele é feito por pessoas que veem o mundo, a partir daquela perspectiva, é muito difícil a gente fugir do que a gente se propõe a ser, porque a gente fala sobre nós, porque nós fazemos parte de um mundo, a gente está inserido dentro da sociedade”, elabora Thaís Bernardes.

A comunicadora Thaís Bernardes do Notícia Preta.
Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

Além disso, Thais também criticou as empresas que tratam questões raciais, do meio ambiente e outras causas como “temas que estão em alta” sem um compromisso verdadeiro com as questões que são levantadas pelos movimentos sociais. 

A programação continua até às 21h com oficina de audiovisual portátil para redes sociais; como produzir podcast profissionalmente, slam laje e show com Becca Perret.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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