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Alunos sofrem com falta de mediadores nas escolas públicas do Rio

Segundo relatos de pais e dados do Sindicato dos professores do Estado, o número de mediadores deveria maior
Amon Ribeiro, ao lado da mãe, Vilma Ribeiro, é um dos alunos prejudicados com a falta de mediadores (Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

Texto: Jacqueline Cardiano | Fotos: Josiane Santana
Material produzido para o jornal impresso do Voz das Comunidades – Abril 2023

Alunos com deficiência, e outras condições diversas, e que precisam de mediadores em escolas públicas tanto do Estado quanto das do município do Rio, sofrem com a falta de profissionais para auxiliar em uma das áreas mais importantes da vida: a educação. 

Os mediadores são profissionais que incluem aqueles que têm necessidades diferentes de outros estudantes. Para uma educação inclusiva, eles acompanham o aluno durante o período em que ele esteja na escola. Em resumo, auxiliam àqueles com deficiência, autistas, pessoas com transtornos de déficit de atenção (TDAH), entre outras condições. 

Vilma Ribeiro, moradora do morro do Adeus, é uma das mães que relata a falta desses profissionais na escola. Seu filho, Amon Ribeiro, de 16 anos, estuda no Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes. O jovem tem a Síndrome de Robinow, uma doença genética rara, que causa encurtamento de membros, anormalidades no crânio, face e genitais externos. Mas apesar da doença, Amon sempre foi à escola.

“Mesmo com essa síndrome, ele foi para a escola na idade certa”.Inclusive, ela destacou uma profissional, chamada carinhosamente de tia Francisca, que trabalhou na escola municipal Afonso Várzea. “É uma professora dedicada, que ajudou muito na alfabetização do Amon”. Depois foi para outras escolas. Mas mesmo assim, ele era incluído. A professora sempre ajudou na matéria, com a adaptação”, diz Vilma. 

Já no Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, a situação revelada é bem diferente. Como o conteúdo é mais complexo por ser uma unidade de ensino médio e pelos alunos serem mais velhos, Vilma conta que o filho tem ido à escola, mas não se adaptou, pois não tem um mediador.

Profissionais do Colégio Jornalista Tim Lopes se esforçam para incluir alunos, mas a demanda é grande
(Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

“Todas as pessoas da Tim Lopes gostam do Amon, tentam fazer com que ele compreenda da melhor forma possível. Os funcionários da escola estão em prol dessas crianças, que são 29 alunos, que estão se adaptando à questão de não ter mediador”, explica.

Vilma ressalta que outros alunos têm dificuldades diferentes às do Amon. Muitos deles não conseguem ir ao banheiro sozinhos, outros têm deficiência auditiva e visual, por exemplo. Logo, dar conta de todos eles se torna uma tarefa impossível sem auxílio. Porém, ela diz que seu filho tem a assistência de acordo com as possibilidades da escola. “Ele fica na sala da diretora, da inspetora. Ele tem a tia Sara e o Gustavo que ficam com ele.” 

Situação nas escolas municipais não é diferente

Um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores do Estado do Rio de Janeiro (SEPE) aponta que cerca de 20 mil alunos estão matriculados na rede municipal, mas há somente cerca de mil profissionais capacitados para auxiliá-los. Ou seja, a média é de 1 profissional para 20 crianças. Uma emenda foi aprovada na Câmara dos Vereadores no fim de 2022 e visava a contratação de outros agentes. No entanto, a iniciativa foi vetada pelo atual prefeito, Eduardo Paes. 

Em relação à educação estadual, o site da Secretaria de Educação informa que, após o pedido de um estudante com deficiência ser aprovado, a SUPCON vai “Encaminhar a Ordem de Serviço à empresa que contratará o profissional e o encaminhará à unidade escolar em que o aluno está matriculado”.

A equipe Voz das Comunidades entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e com a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) para saber se há mediadores ou cuidadores suficientes nas unidades escolares e se há previsão de contratação desses especialistas. 

A SME informou que conta hoje com seis mil auxiliares e que está contratando outros 700 profissionais da educação especial. A previsão é que até o fim de março eles já estejam em sala de aula. Já a Seeduc não retornou os contatos feitos pelo Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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