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Alerj aprova projeto de lei que veda prisões exclusivamente por reconhecimento fotográfico

Aprovado na Assembleia, projeto de lei segue para o Estado do Rio de Janeiro, para sanção
Foto: Reprodução

Uma vitória importante na luta contra o racismo estrutural: o projeto de lei que veda a prisão exclusivamente por reconhecimento fotográfico foi unânimemente aprovado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A autoria do projeto é compartilhada pelos deputados Carlos Minc e Luiz Paulo.

A aprovação, que foi resultado de uma articulação que se estendeu por dois anos, incluindo audiências públicas, convencimento de autoridades e a incorporação de sugestões da Defensoria Pública, do Ministério Público e de dois delegados da Polícia Civil, representa um marco importante na busca por justiça e equidade no sistema penal.

Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Foto: Tomaz Silva / Agencia Brasil

O projeto de lei, originalmente solicitado pela Educafro, ganhou ainda mais força com a divulgação de dezenas de casos chocantes de prisões injustas, a maioria envolvendo jovens negros, devido ao simples reconhecimento fotográfico. Além disso, o texto incorpora uma resolução do Conselho Nacional de Justiça que estabelece diretrizes para a realização desses reconhecimentos.

Um dos principais objetivos do projeto é combater não apenas o racismo estrutural, mas também a chamada “preguiça investigativa”. O Rio de Janeiro tem uma taxa de resolução de crimes alarmantemente baixa, atingindo apenas 16%. Com a aprovação deste projeto, espera-se promover uma investigação mais sólida, aprimorar a perícia criminal, fortalecer a produção de provas e dar suporte ao Programa de Proteção a Testemunhas, criado com base em uma lei anterior.

Inocente foi preso por conta de reconhecimento por foto

O técnico de enfermagem João Luiz da Silva Oliveira, de 34 anos, de Queimados, passou por prisão por conta de uma acusação por foto. O caso aconteceu em 2021. Ele conta que estava no trabalho quando o interfone tocou. “Um rapaz perguntou se eu era o João Luiz. Aí confirmei que era eu. Ele se indentificou como inspetor de uma delegacia de Queimados e pediu pra eu ir até lá porque disse que tinha um assunto importante pra mim”.

João Luiz foi preso injustamente devido reconhecimento de testemunha por foto.
Foto: Reprodução

No dia seguinte, ele foi até a delegacia para saber o que estava acontecendo. Lá, ele foi questionado pelo inspetor e pelo delegado sobre seu dia a dia. “Ele contou que tinha uma intimação contra mim por assalto em Queimados e Nova Iguaçu. Uma das testemunhas tinha me reconhecido por foto e disse que era um dos assaltantes”. Luiz até mostrou apresentou o ponto da empresa que trabalhava, além do GPS do celular que registrou o seu trajeto no dia em que estava sendo acusado, mas ainda assim ficou preso. “Fui preso numa quinta-feira. Mesmo apresentando todas as provas, a palavra da testemunha pesou mais a minha. Foi uma injustiça“.

Luiz foi solto graças a ajuda da família e amigos. “Minha irmã conseguiu o contato de emissoras que chamaram a atenção para o meu caso. Hoje em dia, o processo está arquivado. Fiquei oito dias preso. Mas depois que saí, passei a acompanhar notícias de outras pessoas que foram presas injustamente por reconhecimento por foto. Fiquei muito abalado“, conta.

Com o projeto de lei aprovado, o técnico em enfermagem espera que essas prisões por foto tenham um fim. “Tomara que acabe com essa injustiça de prender pessoas inocentes por causa de foto. Acontece um crime, a pessoa aponta ‘Ah, é esse aqui’ e não é. Quando vê é uma pessoa que trabalha, pai de família e que não tem nada ver com a história”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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