Bernan Gabriel Silva, de 18 anos, tinha o dia livre e decidiu aproveitar com seus amigos na praia. Ele só não imaginava que a volta para casa o levaria a ser preso por, até o momento, 25 dias.
No dia 1 de outubro, Bernan, morador da Mangueira, Zona Norte do Rio, voltava da praia com o irmão de consideração e duas amigas no ônibus 474. De acordo com relatos de sua mãe, Tamara, na altura de Botafogo, bairro da Zona Sul do Rio, houve uma ocorrência de um roubo a um pedestre que estava esperando um carro de aplicativo na rua e as pessoas que executaram o roubo entraram no ônibus em que estava Bernan. Logo em seguida, um outro Roubo também ocorreu um pouco mais a frente, também feito também por pessoas que estavam no coletivo.
Segundo o advogado do rapaz, Vagner Oliveira, Bernan contou que a PM interceptou o ônibus, entrou e chegou a disparar gás de pimenta. Algumas pessoas que estavam no coletivo fugiram, principalmente pela janela. Bernan foi uma das pessoas que como não tinha nada a ver com o crime, juntamente com seus amigos e outras pessoas do ônibus, permaneceu no ônibus. Como todo mundo, Bernan só desceu quando a Polícia utilizou o gás de pimenta e quando o chamaram para ser revistado.
Bernan e um outro menino menor de idade, de identidade não citada, foram apontados pelo vítima da primeira ocorrência. “O homem que havia sido roubado estava muito nervoso e apontou para os dois meninos que foram presos sem ter aparentemente muita certeza. Tanto que ele até hoje, no processo, não apontou detalhes físicos mais específicos de Bernan, como a tatuagem que tem no braço”, conta o advogado que conseguiu relatos de pessoas que estavam presentes no mesmo ônibus.
Bernan está sendo acusado de roubo e aliciamento de menor que, segundo consta nos autos relatados pela vítima, o menor que acompanhava Bernan pegou seu celular enquanto Bernan lhe deu um soco, o que caracteriza roubo com violência. Com isso, desde o dia 1º de outubro, Bernan encontra-se preso.
Atualmente ele está no Presídio ISAP Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, mas, segundo seu advogado, deve ser transferido nos próximos dias para Bangu. A defesa de Bernan está reunindo provas para tentar pelo menos o Habeas Corpus, que é um instrumento processual para garantir a liberdade de alguém, quando a pessoa for presa ilegalmente ou tiver sua liberdade ameaçada. O rapaz, que nunca teve passagem pela polícia e trabalha em uma lanchonete, já teve dois pedidos de liberdade negados até o momento.
Para a sua mãe, fica o questionamento. “Por que as pessoas que estavam no ônibus não foram ouvidas pela delegacia? Eu e o advogado recolhemos relatos de pessoas que estavam no ônibus neste dia e elas contaram que Bernan ficou na parte da frente do ônibus e o roubo aconteceu na parte de trás. Não vejo meu filho há 25 dias”.
O advogado informou que as câmeras do ônibus exibem imagens inconclusivas já que mostra diversos rapazes com o mesmo perfil de Bernan: adolescente e negro. E as câmeras da CET Rio, que poderiam ajudar neste momento, não estavam funcionando exatamente neste dia.
Em nota, a Polícia Civil informou que “de acordo com a 12ª DP (Copacabana), o homem foi conduzido à delegacia por policiais militares e autuado em flagrante por roubo e corrupção de menores. Na ação, um outro indivíduo também foi detido pelos mesmos crimes e um adolescente foi apreendido. O caso foi encaminhado à Justiça”.
A família de Bernan busca justiça no meio do caos. E neste momento, seu advogado estão fazendo mais uma tentativa de soltar o rapaz.