No início do mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou a primeira decisão para limitar as operações policiais em favelas do Rio. Pela decisão, as operações poderão acontecer somente em casos excepcionais. A polícia ainda deve justificar as medidas por escrito e comunicá-las ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, órgão responsável pelo controle externo da atividade policial.
Ontem (18), o STF decidiu impor novas restrições para a realização de operações policiais nas favelas do Rio. A decisão limita o uso de helicópteros, determina a preservação de vestígios de crimes e proíbe o uso de escolas e unidades de saúde como bases operacionais das polícias militar e civil.
Mas na manhã desta quarta-feira (19), moradores amanheceram com um intenso tiroteio na região da Fazendinha, no Complexo do Alemão, zona Norte do Rio de Janeiro. Muitos tiveram dificuldade de sair de casa para trabalhar e uma moradora foi baleada dentro de casa durante o tiroteio.
A plataforma Fogo Cruzado fez um levantamento nesse período de quarentena e constatou que em 5 meses de quarentena foram registrados 2.024 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio.
Desde que decretado o início do isolamento social, em razão da pandemia do novo coronavírus, 647 pessoas foram baleadas (332 mortas e 315 feridas). Entre o total de baleados neste período de quarentena, foram 51 agentes de segurança, 7 crianças (com idade inferior a 12 anos), 9 adolescentes (entre 12 anos e 18 anos incompletos), 14 idosos (com idade a partir de 60 anos) e 27 mulheres. Houve ainda 29 vítimas de bala perdida, além de 18 casos em que 3 ou mais civis foram mortos a tiros em uma mesma situação, totalizando 73 mortos nestas circunstâncias.
A favela da Vila Kennedy, com 141 registros, foi o bairro da Região Metropolitana do Rio com mais tiros. Complexo do Alemão (63), Cidade de Deus (54), Tijuca (52) e Vicente de Carvalho (48) completam o ranking.