A manhã no Complexo da Maré começou com a presença violenta do Estado. Moradores acordaram com barulho de tiros e com a presença de caveirões pelas vielas. Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, a operação Conexão Perdida busca varejistas capixabas do Terceiro Comando Puro que se estabeleceram na Maré em um esquema de extorsão e lavagem de dinheiro.
O tiroteio intenso fez com que a Avenida Brasil, uma das vias mais importantes da cidade, ficasse fechada durante alguns minutos. Considerando que o Complexo da Maré é formado por 16 favelas, as áreas mais atingidas pelo confronto são Baixa do Sapateiro, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Conjunto Pinheiros, Nova Maré, Salsa e Merengue, Timbau, Vila do João e Vila dos Pinheiros.
Para além do terror de vivenciar tiroteios, moradores relatam que policiais invadiram residências. Violações de direitos são frequentes nessas ações. Não é de hoje que o conjunto de favelas da Maré sofre com confrontos armados. Em 2024, foram mais de 40 operações violentas no território. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, a cada quatro tiroteios na Maré, três são motivados por ações policiais.
O Voz das Comunidades entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber do funcionamento das clínicas da família. Em nota, a SMS informou que as clínicas da família Jeremias Moraes da Silva, Augusto Boal, Adib Jatene e o Centro Municipal de Saúde Vila do João acionaram o Protocolo Acesso Mais Seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento na manhã desta quarta-feira (29).
Já as clínicas da família Assis Valente e Joãosinho Trinta mantêm o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.