Jovem, moradora do Alemão, dá à luz a quadrigêmeas, caso raro na medicina

Alexsandra da Silva teve as meninas antecipadamente no dia 25 de julho; a previsão era de nascer no início de agosto
Imagem da mãe antes ter os bebês Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Imagem da mãe antes ter os bebês Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Nasceram as quadrigêmeas do Alemão, filhas da jovem Alexsandra Souza da Silva, de 22 anos e de Igor da Silva, de 24 anos, moradores da Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Segundo informações da família, Esther, Sophia, Laura e Giovanna e mãe estão bem e seguem sendo observadas pela equipe médica. O parto foi antecipado para o dia 25 de julho, pois a bolsa estourou. A previsão eram de que elas viessem ao mundo na primeira semana de agosto. O caso é raro na medicina, já que a jovem não fez nenhum tratamento para engravidar.

O sonho e a realidade

Alexsandra Souza da Silva sempre sonhou em ser mãe e colocava essa meta na sua lista de prioridades da vida. Mas o destino tratou de antecipar esse desejo quando descobriu que estava grávida de quatro bebês. Segundo a nova mamãe, ela estava tomando a pílula anticoncepcional todos os dias. “Logo de início, eu tomei um choque, né? Porque eu não estava esperando. Eu chorei demais, mas aos poucos fui aceitando a ideia.”

Mais atordoado ainda ficou o namorado de Alexsandra, Igor da Silva, de 24 anos. O pai entrou em choque. Contudo, aos poucos, está se acostumando com a ideia, de acordo com o relato da jovem. “Quando ele chegou lá e viu, ele quase desmaiou”, conta Alexsandra relembrando a situação. No entanto, a chegada de gêmeos não é novidade pois na parte da família dos pais dela já existiam gêmeos. “Mas não esperando quatro, né?”, diz sorrindo.

Alexsandra aguardava a chegada das meninas para o início de agosto.
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

As quadrigêmeas serão bivitelinas, ou seja, não serão idênticas. “Eram quatro bolsas, quatro placentas, tudo separado”, revela a jovem. E nem tudo são flores. A característica da gravidez a fez ficar internada no início da gestação, por conta dos enjoos constantes. “Eu cheguei a perder 14 quilos, pois nem água parava no meu estomago. Cheguei ao grau dois de desidratação”, revelou a jovem mãe.

Rede de apoio

Que mãe não gosta de pensar nos detalhes, passar pelas lojas e ficar admirando cada item do enxoval dos pequenos? Alexsandra chegou nessa fase, mas precisou de muita ajuda para poder dar conta de tanta fralda, roupinhas e outros acessórios. Ela afirma que necessita de roupas para meninas a partir dos 6 meses, bem como fraldas M e G. Tudo que ganhou e comprou está guardado em caixas, por isso precisa de um guarda-roupa. E, acima de tudo, também quer muita compreensão.

Alexsandra precisa de um guarda-roupa para organizar o enxoval das bebês.
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A rede de apoio é a família, prima, tia e sogra. Todos estavam aguardando com animação as crianças, previstas para nascer no começo de agosto. E os hormônios? Os de Alexsandra estavam flor da pele, algo que a maioria das mulheres grávidas entendem o que é. “Toda hora eu mandava ele (o namorado) ir embora, coitado. Ainda bem que ele entende. Teve hora que eu chorava, depois eu tava rindo. É uma loucura”. Além da mudança hormonal, ela disse que no fim da gravidez dormia muito pouco devido aos desconfortos da barriga e das idas constantes ao banheiro.

A jovem mamãe vai ter uma rede de apoio para ajudar a cuidar das crianças
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Um problema não previsto

Contudo, um obstáculo enfrentado pela família vai muito além dos hormônios: a empresa da jovem a afastou no início da gestação. Ela não recebe o pagamento há dois meses, justamente no momento em que mais precisa. Segundo Alexsandra, ela foi mal assessorada e não tem nenhuma resposta acerca do dinheiro a receber. “Ninguém me dá uma satisfação, ninguém me dá nada”. Mandei mensagem para minha gerente e até agora, nada.”

Alexsandra vai passando por cima dos problemas e diz não querer perder um dos momentos mais importantes da vida. Apesar dela também ter desejado um menino, se diz satisfeita com a descoberta das quadrigêmeas. “Quando a gente imagina, é uma coisa, mas quando vê acontecendo é outra completamente diferente”, relata a mãe de primeira viagem, emocionada.

Quem deseja ajudar a Alexsandra , pode fazer um pix pelo e-mail [email protected]

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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