Adoçando a vida dos moradores, confeitaria realiza entregas no Vidigal

Verônica Dutra, dona da Flor de Baunilha, acredita que o afeto e o amor são sabores especiais na preparação dos doces
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Há cinco anos, a subida da rua Benedito Calixto no Vidigal, mais especificamente na residência 76, conta com o toque especial de carinho no momento de confecção de tortas e doces. Pelas mãos de Verônica Dutra, de 43 anos, a confeitaria Flor de Baunilha adoça a vida dos clientes com o seu jeito único de preparar os pedidos. Atendendo a moradores da favela da zona Sul, da Rocinha e de outras localidades do Rio de Janeiro, a doceira entende que cada guloseima tem que levar um pouco do seu afeto.

“Eu acredito que cada doce tem que levar um pouco de mim junto. Quando tu preparas os pedidos com atenção, carinho, amor e feliz o sabor fica muito mais incrível.  Então, entendi que não posso fazer doces só pelo dinheiro, mas sim para transmitir boas sensações para quem compra”, explica Verônica. 

Pertencendo a uma família matriarcal e de empreendedoras no Vidigal, Verônica destaca que reformulou sua trajetória pessoal e profissional após passar por uma experiência de desemprego. Não enxergando muitas oportunidades na área em que atuava, decidiu aperfeiçoar suas habilidades, que já eram parte da rotina, pois preparava os doces de aniversário das suas duas filhas, Júlia, de 7 anos, e Thaís, de 23. 

Verônica Dutra, de 43 anos, reformulou a sua trajetória pessoal através do empreendedorismo
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Eu trabalhei por 16 anos em um emprego formal, mas quando a minha segunda filha nasceu, fui demitida. Então, para sustentar a família e não deixar faltar nada para elas, comecei a produzir brigadeiros gourmet, que era algo novo no Vidigal. Com isso, conquistei bastantes clientes na região e em outras localidades do Rio de Janeiro. Hoje, faço tortas, bolos, taças de doces e muito mais. Tudo com muito amor e carinho”, detalha.  

Além disso, uma das pretensões da doceira da Flor de Baunilha é expandir o comércio para outras comunidades e bairros do Rio de Janeiro. Atualmente, a confeitaria atende no Vidigal, na Rocinha e na Barra da Tijuca. Verônica explica que, através de contatos de moradores e também de pessoas que conhecem o seu trabalho, as indicações das suas sobremesas foram se espalhando naturalmente pela cidade. “Eu tenho uma rede social que faço os contatos por lá, mas também tem o famoso ‘boca em boca’ que vai indicando os meus doces para outras pessoas fora do Vidigal”. 

Hoje e a partir do exemplo de Verônica, uma de suas filhas, Thaís Dutra, também acredita na potência do empreendedorismo feminino. Junto com a mãe, ambas realizam uma feira de comerciantes mulheres no Vidigal, para facilitar o intercâmbio e aumentar a rede de contatos na região. “A meta é fazer essas mulheres se reconhecerem como empreendedoras locais. Acreditar nos negócios e manter uma rede saudável de contato no Vidigal”, define Thaís. 

O empreendedorismo feminino é tão importante para a família que no mesmo espaço da confeitaria Flor de Baunilha funciona o Brechó da Princesa. Ali, roupas femininas e masculinas são comercializadas a preços acessíveis. O espaço ainda serve para reuniões de evento e de planejamento sobre os próximos passos das empreendedoras da família. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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