Desde quando os moradores da comunidade do Brejo foram informados que suas casas seriam demolidas e que a prefeitura doou o terreno para o Vasco da Gama (para ser feito um Centro de Treinamento), a vida das famílias se tornou uma grande incerteza. Embora prometido aluguel social e condição melhores de moradia, essas ações, em verdade, só ficaram no papel.
O Aluguel Social é um recurso assistencial mensal destinado a atender, em caráter de urgência, famílias que se encontram sem moradia. É um subsídio concedido por período de tempo determinado. A família beneficiada com esse recurso, recebe por mês uma quantia de R$ 400,00 reais.
A localidade do Brejo, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, surgiu após as Olimpíadas de 2016. Em janeiro de 2020, as primeiras famílias começaram a ser retiradas do local, iniciando pela rua da Portelinha. Contudo, o benefício só começou a ser pago a todos em setembro do mesmo ano (com a remoção completa).
Muitos moradores reclamam do atraso no repasse do aluguel social que está em aberto e sem previsão para pagamentos. Várias famílias ficaram dezembro e janeiro sem receber. “Somos 400 famílias e estamos quase 3 meses sem receber o aluguel social e tem família com crianças sendo despejado das quitinete alugadas porque não estão recebendo o aluguel social”, diz Leandro Gaspah, morador e representante da comunidade do Brejo.
Segundo Leandro, foi na sexta-feira (22) que a prefeitura resolveu depositar o repasse, mas nem todas as famílias receberam. O próprio diz que até o momento não recebeu. “O meu ainda não caiu e tem morador reclamando aqui que só recebeu 1 mês. Não recebemos os atrasados”.
Além do Leandro, outra representante dos moradores, Tatiane Machado, que também é moradora do Brejo e está dependendo do Aluguel social, está correndo atrás de informações para conseguir saber qual a data que todos vão receber e se continuará os próximos meses assim. Entretanto, a resposta da prefeitura não tem agradado aos moradores. O vereador Alexandre Isquierdo (DEM) gravou um vídeo para Tatiane explicando a situação e que em breve os moradores iam receber.
Em contato com a prefeitura via telefone, os moradores foram informados que a previsão para pagamento é até esta quinta feira (28). Além disso, após nosso contato, a prefeitura, via e-mail, foi afirmado que “A Secretaria Municipal de Habitação informa que pagamentos dos aluguéis da referida comunidade já estão sendo depositados”.
Protesto na Prefeitura
Segundo os moradores, até o momento não foram feito os repasses prometidos, o que os prejudica diretamente, por muitos estarem com ordem de despejo, devido aos atrasos de aluguéis.
Na manhã dessa segunda-feira (25), famílias se reuniram na porta da prefeitura para cobrar uma posição, para saber a data exata de quando os dois meses seriam depositados, já que das 400 famílias, 300 ainda não receberam a quantia acordada.
No entanto, ao chegarem lá, de acordo com eles, foram tratados com muita rispidez, por uma pessoa que se apresentou como Edivan, e também foram ameaçados com o bloqueio do aluguel social e acusados de forjar documentos.
O representante dos moradores, Leandro, estava no local e falou sobre isso. “Já não basta ter quer vir aqui cobrar o que é nosso por direito, ainda temos que passar por esse constrangimento, só queremos nosso aluguel. É um direito nosso”.
Luiza Nascimento, 24 anos, é uma das moradoras que fazem parte dos 300 que ainda não tiveram o benefício regularizado. Mãe de 3 filhos, ela fala de toda a dificuldade que está passando. “Eu vim aqui na prefeitura com outros moradores para ter uma resposta. São dois meses sem receber. Não trabalho, tenho três filhos, o dono do casa que eu aluguel já pediu a casa. Só Deus sabe o que estou passando. Me tiraram da minha casa para viver nessa situação”.
A situação está cada vez mais delicada. Sem previsão de quando vão receber e sem poder negociar os atrasados, muitos estão, inclusive, sem moradia. É o caso da Tatiane Rosa que foi despejada e teve que ir para um barraco emprestado com os 3 filhos.
Até o momento, conforme os moradores, a prefeitura não informou uma nova data e não se posicionou em relação às ameaças e calúnias que famílias sofreram durante o protesto na sede.