Esquece aquela imagem de um padre com sua batina, já com seus cabelinhos brancos e uma voz suave e mansa, que o Voz das Comunidades foi até a Basílica do Santuário da Igreja da Nossa Senhora da Penha para conhecer o padre Thiago Sardinha, de 37 anos, com seu estilo jovial, uma voz de “trovão”, muito brilho nos olhos e amor pela sua missão.
Nascido e criado na Penha, o padre Thiago ou padre Sardinha, como preferirem, é um jovem padre negro, comunicativo, com uma visão ministerial muito ampla voltada para servir a comunidade. “A primeira vez que senti esse chamado de Deus foi quando o Papa João Paulo II esteve aqui no Rio de Janeiro em 1997, justamente no dia do meu aniversário, 05 de outubro, e eu estava ali presente na missa quando eu vi o papamóvel passar e naquele momento eu senti forte o chamado de Deus para minha vida”. Imediatamente o jovem de 15 anos comunicou a decisão para seus pais, que sabiamente pediram para o rapaz esperar até completar 18 anos. E o hoje padre destaca o quanto isso foi importante para sua missão.
O padre, que é formado em técnico de informática, trabalhou nos Correios, e também se formou em teologia e filosofia, seguiu os conselhos de seus pais e esperou o tempo certo para amadurecer. E ele ressalta que o jovem que tem o desejo de seguir sua missão precisa esperar o tempo certo, amadurecer a ideia e ter o apoio familiar, para que nada seja feito no calor da emoção ou por impulso. “Às vezes o jovem não tem visão do mundo, ainda está imaturo, passou a vida inteira no internato, dentro de uma bolha, então é importante ter uma experiência e visão do mundo para ter certeza do que quer”.
E se por acaso não fosse padre, advinha o que o padre Sardinha seria? Segundo o padre, caso não tivesse essa vocação pastoral, ele seria professor ou algo relacionado à informática. E no meio de tanta tecnologia, o padre fala sobre esse período de pandemia não ter as missas tradicionais. “Hoje é tudo live, se adaptar a esse novo não é fácil. Uma coisa é após a missa alguém vir debater com você de modo respeitoso, como uma troca de ideias, outra bem diferente é a pessoa que está na frente do computador, usa a mídia social destilando tanta intolerância religiosa. São tantos comentários e às vezes na escrita a gente não consegue expressar tudo que gostaríamos de verbalizar”.
O padre Sardinha fala sobre a surpresa de receber o convite para o santuário da Penha e que se sentiu muito honrado e feliz por tamanha benção, já que é um lugar que faz parte da sua história e pelo qual ele tem tantos laços e carinho. “Foi algo inesperado, eu fiquei impactado pelo tamanho do convite. Assim que eu cheguei fiquei meio balançado por ter vindo de uma experiência paroquial, mas agora indo para o sexto ano aqui na Penha estou extremamente feliz e em paz por estar comemorando meus 10 anos de padre, nesse lugar que eu amo tanto”.
Através de uma linguagem mais coloquial, mais músicas, uma boa comunicação que a juventude entenda, o padre Thiago tem atraído um público mais jovens para a igreja, mostrando que a casa de Deus é a casa de todos. E até mesmo nesse período de pandemia fazendo as missas em formato de drive-in, ele tem percebido essa busca dos fieis mais jovens.
E como um jovem, padre Thiago fala sobre curtir sua vida, suas preferências e sua vida cotidiana: “Eu pela manhã já começo falando com Deus, intercedendo pelas pessoas que pedem oração. Estudo a bíblia, faço minhas atividades da igreja, cuido da minha saúde, vou ao médico, tenho contas a pagar, eventos da igreja, eventos sociais, culturais. Amo viajar, encontrar meus amigos, ficar com meus pais, ir à praia, ouvir uma boa música, cinema, caminhada, shows, amo viajar, gosto de carnaval e amo comida amo massas e carnes”.
Padre Thiago esteve esse mês no Konteiner abençoando o espaço, louvando e trazendo uma palavra de fé e paz para os frequentadores da famosa “kasinha”.
O padre Thiago é mais que um sacerdote, é um servo, engajado, que ama colocar a mão no arado e tem acolhimento nas palavras e no olhar, que conquistou a todos, com sua evangelização e amor pelas pessoas e a obra. “O encontro com Deus é uma experiência maravilhosa, servir a Deus é também servir ao seu próximo. Para isso, precisa entender as demandas daquela comunidade, não apenas orar, é servir como um todo, estar presente na vida dessas famílias, eu já fazia antes de ser padre. Ter uma vida ativa paroquial é ter uma visão além, sem ser restrito, sair do seu mundo para ajudar o outro. Atingir o povo e quem precisa”.