As proporções que a COVID-19 vem assumindo no país estão resultando em consequências devastadoras. Impactos que abalam não apenas a área da Saúde, mas também a Educação, atingindo um número expressivo de estudantes baixa renda matriculados nas escolas públicas.
Nesse cenário, é vital entendermos que já presenciávamos um longo histórico de desigualdades sociais. Por mais que hoje estejamos sob um novo vírus, ainda um tanto misterioso até para a comunidade científica, as realidades educacionais, sociais e econômicas, já nos alertava sobre a dificuldade do direito básico de respirar da população favelada e periférica.
A pandemia enfatizou qual é a autenticidade exposta no cenário educacional, no qual a Educação não é tratada como direito, mas um privilégio destinado a poucos. O ensino básico e superior tiveram que adaptar suas necessidades pedagógicas para as plataformas on-line num país em que 42% dos lares não possuem computador. Contudo, o problema aqui não é a implementação da Educação a Distância (EaD), mas sim os recursos básicos e necessários para os estudantes pobres terem acesso a esta modalidade.
O princípio básico da Educação a Distância demanda um planejamento bem arquitetado para que ela aconteça da melhor forma possível para toda a comunidade estudantil. No entanto, ainda mais com uma pandemia que surpreendeu a todos, não estamos vivendo isso. Estamos sob uma realidade em que os professores estão sobrecarregados com a rotina de trabalho em frente ao computador. Uma realidade que lê o professor como uma espécie de ‘youtuber’ que precisa fazer malabarismos para conseguir a atenção. Nuances que limitam e dificultam o papel primordial da educação de formar cidadãos críticos e reflexivos do mundo ao seu redor. Estamos falando de um país diagnosticado com a fome, a saúde adoecida e a educação com dificuldades de respirar.
Ainda que tenhamos uma vacina efetiva contra a Covid-19 e escolas e universidades voltem às suas práticas educacionais no modo presencial, pouco vai adiantar se continuarmos ignorando os indicadores sociais e educacionais que apresentam uma diferença significativa entre ricos e pobres, brancos e negros ingressante no acesso à educação formal no país.
Não há um interesse por parte do governo em colocar a Educação para a superar as condições de redução da fome, da pobreza e de outras formas de desigualdades vividas pelas famílias mais pobres, muito pelo contrário, se os governantes não derem a atenção necessária para esse setor social, a exclusão e desigualdade educacional tomarão índices alarmantes durante e pós pandemia.