Voz em verso #06: Poeta da Favela – Chal Enigma

O poeta de 23 anos é cria da Baixada Fluminense e tem 22 títulos de Slam

A pandemia do Covid-19 mudou o jeito de viver de toda a população e muitos costumes foram deixados de lado. Entretanto, a produção de arte segue a todo vapor nas favelas do Rio de Janeiro e, através da coluna Voz em verso, traremos poesias de artistas da favela aos domingos.

Nesta semana, o poeta Chal Enigma, de 23 anos, é o convidado. O jovem produtor de cultura é slammer, slammaster, músico, poeta e ator. Há três anos, ganha destaque através do Poetry Slam, competições de poesia falada em que já coleciona 22 títulos. Além disso, o jovem artista fez participação na novela “Bom Sucesso” e atuou no filme “Saudade do Futuro”, programado para ser lançado em 2021. Morador da Baixada Fluminense, o poeta faz parte do coletivo de portas NósdaRUA.

Meu primeiro contato com a poesia foi logo na infância, através da folia de reis. Na adolescência tive contato com a cultura Hip Hop e me adaptei mais no Rap. Cheguei a me apresentar em diversos eventos, até dividi palco com grandes artistas em um festival lusófono. Com 19 anos tive o primeiro contato com o Poetry Slam que, logo em seguida, abriu as portas do teatro para mim“, conta o jovem.

Políticos batem na Pátria
Eu venho pique Maria da Penha
Quero um futuro melhor
Que Mauricio de Souza não desenha
Desdenha
Quando soltar fogos não é São João
Aqui é fogo no pneu e não fogo na lenha
No morro tem muito campeão
Mas não deixam eles ser Niemeyer
Só Beira-mar ou Lampião
O verde é esperança da nação
Mas por causa de um verde no bolço
Eu ví vermelho no chão
Aqui o sol nem brilha mais
Nossa bandeira não tem amarelo
Sem “din” pros Nike
Nós bota prego no chinelo
Aqui a pista é salgada
As crianças não tem grana pra marshmallows
As pele tem cor de caramelo
Depois que fizerem escola
Venham falar de camaro amarelo
E o céu azul escureceu
A ordem e progresso desapareceu
Quando o sonho da criança faleceu
O menor amadureceu
Ou melhor endureceu
E o ódio só cresceu
Ainda preservo o amor nobre
No coração de um plebeu
Eis aqui um filho teu
És mãe gentil
Filho abortado do sistema
E abordado pela civil
E você nem viu
O gado marcado não tem nome
Tem números
Filhos não registrados
Que o pai…ís não assumiu
E não passa de um civil
Um rapaz comum
Se é famoso tem choro e protesto
Mas favelado é menos um
Onde a falta de educação reina
E o proibidão impera
Nesse império onde fazem marchinha de carnaval
Eu faço marcha de guerra
No microfone só sniper patriota
Que mira e não erra
Pique Policarpo Quaresma
No rio 40ª graus peito frio mas nós não gela
Vim tremer a mente da nação
Não só a bunda e a perna
Respeita mais um Poeta da Favela!

Poesia de Chal Enigma

Voz em verso #05: A noite é escura – Valentine

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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