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Favela teme fome durante pandemia, aponta pesquisa

Data Favela aponta que 84% dos moradores acreditam que terão sua renda reduzida por conta da quarentena

A campanha “Favela contra o Vírus”, capitaneada pela Central Única das Favelas (CUFA) realizou uma pesquisa que apurou o medo de ficar sem ter o que comer em 86% das pessoas que vivem em periferias. De acordo com a Instituto Data Favela, que ouviu moradores da periferia de todo o Brasil, famílias teriam dificuldades para comprar alimentos, caso tivesse a renda interrompida por conta da quarentena.

Tendo como exemplo estratégias adotadas em países que já enfrentam a pandemia antes da chegada no Brasil, a forma de combate mais eficaz contra o Coronavírus até o momento é a exclusão social, e a prática já mudou a rotina de 97% dos moradores de favelas no país, trazendo como consequência um outro dado alarmante: 9 entre 10 moradores teriam dificuldades para comprar comida, caso fiquem obrigados a ficar em casa sem produzir renda. A quarentena também deixa em alerta a preocupação do favelado com seus empregos. Cerca de 54% acreditam que o risco de serem desligados das empresas durante o surto da doença é grande e 78% conhece alguém que já teve diminuição de renda por conta da pandemia.

“A situação é preocupante. Mas esse estudo foi realizado com a melhor das intenções. Queremos chamar a atenção do país e do mundo sobre a situação das favelas, para que as autoridades competentes unam forças com a gente, para que o impacto do Coronavírus nas favelas seja o menor possível”, explicou Celso Athayde, fundador do Data Favela e da CUFA.

“Por mais que isso soe alarmista, esse quadro pode indicar uma situação de convulsão social num futuro próximo”, avalia Renato Meirelles, fundador do Data Favela, uma parceria do Instituto Locomotiva e da CUFA.

Meirelles indica que se trata de um grupo que já tem dificuldades para pagar as contas e do qual 84% projeta uma redução de renda por conta da pandemia.

“Cesta básica ajuda, mas é, de novo, um morador da cidade dizendo para o morador da Favela o que ele tem direito. Mais efetivo seria transferir renda diretamente para que eles pudessem comprar o que precisam”, afirma. “Se não houver ações efetivas, públicas e privadas, para garantir uma renda mínima, o adiamento de contas, garantindo provimento de produtos básicos, como alimentos, internet e produtos de limpeza, pode haver revolta das favelas”, encerrou.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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