Com menos de três meses de funcionamento, “Complexcão” já salvou a vida de um cão
Para cuidar dos animais de rua do Complexo do Alemão, o veterinário Luiz Cesar Nery, 29 anos, acaba de criar o projeto “Complexcão”. Em atividade desde o último dia 19 de agosto, a iniciativa já salvou a vida de uma cachorrinha atropelada e cuidou de outros dois gatinhos, todos de rua.
A ideia de criar o projeto nasceu quando César, proprietário há um ano da clínica “Pet Família”, na Estrada do Itararé, percebeu que o volume de animais de rua era muito grande. Com o desejo de ajudar guardado, encontrou Thainá, uma estudante de 19 anos, dona do Ayron, um cachorro da raça pastor alemão. Thainá, moradora do Complexo do Alemão, foi levar o seu cachorro, então filhote, para tomar vacina. Meses depois, o cachorrinho ficou doente e a jovem voltou à clínica.
Depois de um tempo, o veterinário viu por um vídeo na rede social que Ayron estava bem e fez contato com Thainá. Já com o foco no seu plano para o futuro – que é ser veterinária – Thainá perguntou se podia ajudar a “Pet Família” de algum modo. “Pô se tu tiver alguma coisa aí pra fazer, eu faço, eu quero ir aí agitar alguma coisa”. O veterinário contou o plano que tinha para ajudar os animais. “Tenho algumas coisas em mente aqui, vamos conversar pessoalmente para ver se a gente consegue colocar esse projeto para a frente”.
Foi então que eles pensaram em uma associação para financiar o projeto. Funciona assim: o Complexcão, representado nas ruas por Thainá, que anda uniformizada, arrecada dinheiro do comércio ao redor e de pessoas físicas para destinar aos animais abandonados do Complexo do Alemão e adjacências. O projeto aceita qualquer quantia, mas quem paga R$ 30 por mês e tem um animal ganha o direito de levar o bichinho – cachorro ou gato – no horário em que quiser para uma consulta com o Dr. Luiz Cesar Nery, além de receber uma carteirinha. Uma consulta para um não-associado ao Complexcão custa R$ 50.
No entanto, Dr. Cesar ressalta: “É uma troca de ajuda, não é um plano. Você está ajudando os animais da rua e eu estou te ajudando para você ajudar a eles”. Segundo o veterinário, que trabalha sozinho com os atendimentos, se cada um ajudar com um pouquinho, “a gente consegue fazer as coisas”. Mesmo sendo muito recente, o projeto salvou a vida de um cadela que foi atropelada, socorrida pelo proprietário de um bar vizinho. Além da cirurgia, foi preciso todo o cuidado pós-operatório, como por exemplo dar água na boca através de uma seringa. Hoje a cachorrinha está bem, graças ao esforço de todos.
Outros tipos de serviços para os animais de rua prestados pelo projeto são: identificação, castração, vacinação, alimentação, atendimento clínico, medicações, entre outros procedimentos rotineiros. O objetivo é atender na prevenção e conseguir parceria para aumentar a cobertura. “Quem sabe não consigo uma parceria com um laboratório de vacinas? Às vezes os proprietários podem diminuir o gasto com vacinas que estão quase vencendo. Mas para isso, precisamos ter em mãos o que mostrar a eles, como fotos dos atendimentos que estamos realizando”. Fica a pergunta lançada pelo veterinário, em forma de convite: “Os bichinhos da rua sofrem, por que não ajudar?”.