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Coxinhas vs Mortadelas, a Batalha dos Cegos…

Ei, psiu! Se você chamar ele de ¨coxinha¨ eu te dou um pão com mortadela. Ei, psiu! Se você chamar ela de ¨mortadela¨ eu te dou uma coxinha!… É assim que nasce o Brasil dos dias de hoje.

– Ei, você é um ¨coxinha¨!

– Ei, você é uma ¨mortadela¨!

Ambas as massas se envolvem em uma discussão feroz nas filas de supermercado, banco, lotéricas, nas mesas de casa, nos bancos da igreja e nas redes sociais… E enquanto a raiva cega os ¨mortadelas¨ e ¨coxinhas¨, os políticos do partido dos ¨coxinhas¨ e do partido dos ¨mortadelas¨ dividem em tenebrosas transações o dinheiro dos ¨coxinhas¨ e dos ¨mortadelas¨. Uma parcela para pagar o ¨coxinha¨ influente que chamou fulano de ¨mortadela¨, uma parcela para pagar o ¨mortadela¨ influente que chamou fulano de ¨coxinha¨, uma parcela investida porcamente no setor público e a maior parte, por fim, vai para o bolso dos fomentadores da discórdia que deixariam Loki, Hades e Set com inveja…

Ora! Mas, além de ¨coxinhas¨ e ¨mortadelas¨ existem os ¨bolsominions¨, vulgos seguidores de Bolsonaro, o Messias que segundo eles salvará o Brasil. Em contraposição temos os seguidores de Jean… Os políticos no Brasil são confundidos com profetas e os partidos com times de futebol, parece que não importa se o gol é contra para o brasileiro, ele só quer sentir a euforia da torcida… Mas, será que Jair e Jean tem algo em comum além da primeira letra do nome? Sim, eles jogam no mesmo time… Não, não leve para o outro sentido! Rs, estou falando do time da mídia.

O time da mídia é um time muito importante para o partido dos ¨coxinhas¨, o partido dos ¨mortadelas¨ e os respectivos partidos capangas de ambos. Afinal, aposto que se eu te perguntar o nome de dez deputados provavelmente você saberá me citar seis ou sete e entre estes estarão Bolsonaro, Jean e Feliciano… É, é a mídia quem cria as massas, os ¨coxinhas¨, os ¨mortadelas¨, os ¨bolsomínions¨, os ¨libertários¨, os LGBT(s) e por ai vai… E como já pescaram que o brasileiro é um povo ¨caliente¨ que gosta mais de novela mexicana que os próprios mexicanos, elegeram os políticos perfeitos que entre tapas e beijos conseguem uma audiência enorme em cima de questões banais enquanto a audiência cai no âmbito de questões importantes e um pouco mais complexas.

Todo este plano misturado com um péssimo investimento em educação produz o que chamamos de Brasil, o país que se assim continuar será para sempre o país do futuro, mas nunca o país do presente. Estou eu a dizer que Jean e Jair não são convictos em suas opiniões, paixões e causas? Não, de maneira alguma… Estou a dizer que somos todos vítimas de uma mão invisível, mas não a mão invisível regula o mercado, e sim uma mão maior ainda nos ergue através dos fios presos em seus dedos, em seus 200 milhões de dedos, como marionetes… Quem controla o movimento destes dedos? Veja menos e TV… e verá.

Esta coluna é de responsabilidade de seus autores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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