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Elas botam a cara contra os abusos e truculências das operações policiais

Ativistas do coletivo Bota Cara CDD falam sobre a difícil rotina da comunidade, em meio a conflitos cada vez mais intensos

Nessa nova fase do “Voz” se expandindo para mais dez comunidades, demos um rolé na Cidade de Deus e conversamos com a Renata Nunes, que é presidente do coletivo Bota Cara CDD. O grupo começou a se organizar no final de 2015, após a morte do menino Marcos Vinicius, na época com 11 anos, morto a tiros em um tiroteio enquanto ajudava os pais na venda de peixes na feira. O caso ganhou bastante repercussão, principalmente pela divergência de opiniões entre os moradores da comunidade e veículos de comunicação. Segundo moradores, não houve tiroteio, mas sim execuções.

Além do Marcos Vinícius, filho do peixeiro mais conhecido da Cidade de Deus, outro jovem, Breno Souza, 14 anos, também foi assassinado e outras três pessoas foram baleadas na mesma operação. “O falecimento do Marcos Vinicius comoveu toda a comunidade, pela forma que aconteceu, e também pela época, era véspera de Natal. Decidimos formar o coletivo, para que casos como esse não ocorram mais. Decidimos dar um basta”, conta Renata. A partir do ato BotaCaraCDD, o grupo se consolidou e hoje conta como uma rede de colaboradores e voluntários. “As pessoas podem participar de diversas formas, batendo de porta ou ajudando a organizar os manifestos, cafés da manhã. Fazemos reuniões semanais, o coletivo é aberto e somatório”, explica.

Há dois anos atuando de forma efetiva em questões que afetam o cotidiano de toda a comunidade, o movimento ficou conhecido por tratar de temas ligados à segurança e violência. Mas elas não querem apenas o reconhecimento nessas áreas. A fundadora, Vivi Salles, 26 anos, que também é jornalista e produtora fala um pouco sobre as perspectivas do coletivo. “O Bota Cara pode ser um espaço, no qual o morador pode se apropriar. Não queremos pautar apenas a questão da segurança, ser um movimento marcado por desenvolver ações contra a violência. Queremos também tratar das questões sociais da Cidade de Deus”, relata.

Manifestações

Criado com o intuito de não haver mais vítimas do descaso e abuso de poder das autoridades, o Bota Cara CDD realiza atos e manifestações. Por se tratar de ser uma junção de pessoas, de várias partes da comunidade, artistas locais, pessoas influentes, e intelectuais costumam se reunir nesses protestos. Sobre isso, Vivi, discorre:

‘A CDD é um celeiro da cultura, se você for fazer um retrato aqui do Rio. Por ser formada por pessoas vindas de várias partes, aqui, de fato, há uma veia artística vinda exatamente dessa diversidade. Negros, nordestinos, pessoas da Baixada, na Praia do Pinto, onde na época houve um incêndio criminoso. E pela localização privilegiada, de estar entre a Barra da Tijuca e a Freguesia de Jacarépaguá torna a Cidade Deus, moradia de uma classe média baixa, e que sofre opressão o tempo todo, e opressão gera cultura, sobretudo na periferia. Então podemos citar Os Arteiros no teatro, MV Bill como um ícone do rap, a roda cultural da Cidade de Deus, a Nação Hip Hop em plena atividade, como alguns exemplos’.

Ativista do coletivo Bota Cara CDD, vivi - Foto: Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades
Ativista do coletivo Bota Cara CDD, vivi – Foto: Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades

Os manifestos são organizados através de grupos de whatsapp, onde os membros externam seus ideais e sugestões. Além do ato de protesto da morte dos meninos Marcos Vinicius e Breno, destacam-se os atos “Pé na Porta”, e o mais recente “Respeite a vida”, ocorrido no mês de março, em represália a uma operação policial que resultou na morte de uma pessoa, e outras três foram baleadas.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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