A ONG Voz das Comunidades, tem colocado em pauta temas variados que cercam as favelas e sábado (09) foi a vez da saúde. O Complexo do Alemão conta com um dos dois Complexos de Saúde existentes no Rio de Janeiro, que consistem em: uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), uma Clínica da Família e um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) que são geridos pela Prefeitura do Rio de Janeiro e a grande dúvida, ou a mais perceptível, é a dificuldade de informação sobre a utilidade de cada uma delas.
Através das redes sociais do Voz da Comunidade, recebemos diversas reclamações dos usuários, entre elas falta de médico, mau atendimento, falta de agentes de saúde atuando nas comunidades e ouvimos também a gestão, que ressaltou a violência por parte dos moradores como principal queixa.
Convidados:
Leonardo Graever – responsável pela saúde no Complexo do Alemão
Lucia Cabral – Articuladora de Rede no Viva Rio Saúde
Vivian Costa – Gerente da UPA (Unidade de Pronto Atendimento)
Ana Carla – Gerente da Clínica da Família
É importante, inicialmente, esclarecer a funcionalidade e diferenças entre esses locais, que foi o carro chefe do debate:
UPA (Unidade de Pronto atendimento) – É indicada para casos de urgência e tem sua classificação de risco baseada nos sintomas do paciente, que funciona com vermelho: atendimento imediato, amarelo: até 30 minutos para ser atendido, verde: até 120 minutos, atendendo aqueles que tem risco eminente de morte. Ideal somente para primeiros socorros. Em funcionamento diário, 24 horas.
Clínica da Família Zilda Arns- Funciona com 12 equipes, compostas por :um médico, um enfermeiro, um técnico em enfermagem e 6 agentes de saúde. Contando também com a equipe de saúde bucal: um dentista e um auxiliar de saúde bucal. Em funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, de 08:00 às 17:00.
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) – Especializado em tratamento para saúde mental e reinserção social. Funciona de segunda-feira a sexta-feira, de 08:00 às 17:00. Equipe com médicos, assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras.
Viva Rio – Atua na formulação de políticas públicas.
“A Clínica da família funciona com atenção primária, que atende a todos os ciclos de vida, assistindo à hipertensos, diabéticos, gestantes, tratamento para tuberculose, hanseníase. Hoje, temos 36 mil pessoas cadastradas na Clínica e atendemos a 12 comunidades: Adeus, Alvorada, Área 5, Capão, Doutor Noguchi, Fazendinha, Loteamento, Nova Brasília, Reservatório, Palmeiras, Novo Adeus e outro.” Explicou Ana Carla, gerente da Clínica da Família Zilda Arns.
“Recebemos o desafio de mudar a cara da saúde no Alemão. Em março de 2015, fechamos o mês com 2.500 atendimentos e em março de 2016, realizamos 11.000 atendimentos. A UPA tem a política de internação de 24 horas, mas temos pacientes que permanecem até 8 semanas. Quando o enfermeiro informa que o atendimento não deve ser feito na lá, sofremos agressões. Isso só dificulta nosso trabalho.” Vivian Costa Gerente da UPA (Unidade de Pronto Atendimento)
Uma nova Clínica da Família foi instalada na estação de teleférico Palmeiras e uma das médicas, estava entre o público do debate e solicitou o microfone, emocionando com sua fala:
“É muito importante esse momento de debate. Primeiramente, eu queria pedir desculpa como médica pelos meus colegas. A crise que estamos vivendo não é de hoje, mas eu peço que vocês lembrem de como era a saúde 10, 20 anos atrás e como é hoje. Cheguei aqui em Dezembro e peguei um acumulo de pendências, mas sempre me coloco no lugar do paciente, as vezes tudo que ele precisa é uma palavra. Eu me emociono de falar, não é fácil… Falta amor. Mas é um trabalho de formiguinha e precisamos estar juntos. Prometo a vocês que vai melhorar! Eu gostaria de apelar por governo, pra prefeitura, para que fosse disponibilizada uma van. Existem diversos pacientes doentes, acamados, que não conseguem chegar até a clínica, passam mal em casa sozinhos… Precisamos dar um jeito nisso. Com a van, conseguiríamos socorrer esses pacientes em estado ais grave e evitar fatalidades.” Responsável Técnica Médica na Clínica da Família Palmeiras e Médica plantonista na UPA
O debate contou com cerca de 50 pessoas presentes e durou 2 horas, onde os convidados abriram, explicando suas respectivas funções e abrindo para o público, que pode tirar dúvidas e expôr livremente o que pensam. Contamos também com nossos parceiros do Contra Bando de Teatro, que estão conosco desde a primeira edição atuando com intervenções culturais e levando sorrisos aos rostos do público.
No próximo sábado (16), tem mais Fala Favela! Não perca a chance de fazer sua voz ser ouvida!
Fotos: Renato Moura