Moradores se sentem abandonados e pedem atenção aos problemas da comunidade
Subindo pela Central, logo depois da famosa Rua 2, cenário de inúmeros tiroteios, é possível chegar na comunidade conhecida como Chuveirinho. O acesso ao local não é nada fácil. A lama é feita pela água que escorre de um valão e se encontra com a terra deixada, segundo moradores, pelas obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – há um pouco mais de dois anos
Lama: Para Charlaine de Oliveira, de 33 anos, a chuva é sempre um problema. “Como moro bem aqui no final da escada, a chuva desce forte e invade minha casa. Já perdi muita coisa. Essa escada vira uma cachoeira de lama e lixo.” – A casa da profissional autônoma fica na Travessa Regina e Charlaine também contou que, dependendo da força da correnteza, algumas vezes fica impossibilitada de sair para trabalhar.
Lixo: Já para a dona de casa Roberta de Souza, o lixo que é jogado no local é um dos maiores problemas. Após entrar em contato com a Associação de Moradores, foi informada de que o local é de responsabilidade do Governo e nada poderia ser feito pela associação. “Depois que falaram isso, nós mesmos colocamos uma grade para evitar que o pessoal de outras áreas jogasse lixo aqui, mas durante uma operação da PM a grade foi retirada e voltaram a jogar coisas”. A jovem de 28 anos também reclama da falta de iluminação pública na Travessa Otassiliano Lima.
Lodo: Outro grande problema que atormenta os moradores do Chuveirinho é um esgoto a céu aberto que percorre uma grande parte da comunidade. A vala passa por baixo da casa onde Laura Geronimo mora com seus filhos, entre eles um bebê de um ano e sete meses que sofre de problemas respiratórios. “Meu filho sofre muito com o cheiro forte que vem daqui. Ele é apenas um bebê e já toma vários remédios.” Por conta das obras do PAC a casa foi danificada e, em fevereiro deste ano, a defesa civil interditou a residência. Apesar dos riscos, a família da dona de casa preferiu continuar no local. “Interditaram a minha casa mas não deram nenhum tipo de assistência. Quando fui questionar, reclamar e correr atrás de uma solução, ficaram de nos encaminhar para um abrigo, mas não vou sair daqui com meus filhos pequenos para viver em um abrigo de jeito nenhum!” – reclama.
A área onde a água contaminada passa segue abandonada, acumulando limo, e os moradores contam que duas pessoas já escorregaram e caíram quando passavam pela região. “A minha vizinha já caiu. Outro rapaz que mora lá em cima também. O chão aqui é muito escorregadio e não adianta ficar lavando, porque no dia seguinte volta todo o limo de novo. Tem muitos ratos, baratas e tudo o mais que a gente pode imaginar”- conta Thayssa Fonseca.
Os moradores pedem que uma obra de revitalização seja iniciada com urgência para que pelo menos eles possam ir e vir sem correr riscos. Até a finalização desta matéria, a equipe do Voz da Comunidade não teve sucesso durante as tentavas de contato com a Associação dos Moradores da Grota. Enquanto isso, resta torcer para que não chova no Chuveirinho.