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A culpa é de quem? Lixão em terreno no Alemão corre risco de desabar

Foto: Renato Moura

Moradores do Morro do Alemão pedem socorro!

Uma obra inacabada do PAC ― Programa de Aceleração do Crescimento ― na Rua da Mãezinha, número 20, vem atormentando a vida de moradores do Morro do Alemão. O terreno se encontra próximo à estação Alemão do teleférico e segundo moradores da região, a casa foi demolida para que não ocorressem invasões. Hoje, quase 2 anos após a demolição, os entulhos não foram retirados do local.

O descaso tornou-se uma preocupação e deixou muitos moradores da região com dor de cabeça, incluindo a vendedora de picolés Lucinéia Alves dos Santos, de 59 anos. Ela nos contou que sofre constantemente com a presença de ratos e baratas dentro de casa. A maior preocupação da comerciante é a quantidade de lixo que se acumula no local que, por ser um terreno íngreme, corre o risco de desabar nas casas abaixo.

“Tem gente que vem aqui só para jogar lixo. Jogam sofá, geladeira, entulhos em geral. Todos os dias entra rato na minha casa”, denuncia.

De acordo com alguns moradores, os primeiros vestígios de lixo foram jogados pela Light depois de reparos feitos na fiação elétrica da rua. Além do acúmulo de lixo doméstico, o esgoto toma conta do terreno, fazendo com que seja necessário se equilibrar em pedaços de madeira para passar pelo local.

Moradores próximos do local estão com medo de que possa acontecer uma tragédia, pois o risco do entulho desabar durante uma chuva intensa é grande. Caso o terreno deslize, muitas casas serão atingidas, incluindo a de Dona Lucinéia, que mora com sua filha e quatro netos.

De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Morro do Alemão, José Augusto, já foram feitos vários contatos com responsáveis do PAC, mas não tiveram retorno. “A associação está ciente do caso, já estivemos no local e entramos em contato com os responsáveis pela limpeza, mas até agora não tivemos resposta”, declara.

O presidente também pediu para que a comunidade colabore e não jogue mais lixo no terreno, e afirmou que “ninguém vem de Copacabana para jogar um sofá ali. São os próprios moradores. Isso não pode acontecer!”

Em nota, a Secretaria de Conservação informou que não tem responsabilidade no caso e recomendou o contato com a Comlurb. A equipe de jornalismo do Voz da Comunidade buscou resposta da Comlurb e fomos informados de que cabe a empresa responsável pela obra fiscalizar e executar a remoção dos resíduos. A EMOP (empresa prestadora de serviços do PAC) encaminhou um engenheiro ao local e constatou que o terreno não faz parte das intervenções realizadas pela empresa.

E agora, a culpa é de quem?

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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