A decisão da Meta de flexibilizar as diretrizes de discurso de ódio, permitindo que a comunidade LGBTQIA+ seja associada a doenças mentais, sendo este um ataque direto à dignidade de milhões de pessoas, é uma afronta à luta histórica por igualdade e respeito. É inadmissível que uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, com plataformas que moldam opiniões e comportamentos, escolha dar espaço para preconceitos que já causaram tanto sofrimento.
Esse retrocesso não acontece do nada! Os mesmos estariam se aliando ao Trump e à extrema-direita?
A decisão de encerrar o sistema de verificação de fatos ou fatores, como é mais comum pra gente aqui no Brasil, é igualmente preocupante. Sem ferramentas que combatam a desinformação, as redes da Meta que são as que mais usamos em nosso cotidiano como o Instagram e WhatsApp se tornam ainda mais vulneráveis à proliferação de narrativas falsas e discursos de ódio.
Quem paga o preço? As minorias, já tão atingidas por violências simbólicas e reais e os trabalhadores que dependem dessas plataformas para sua sobrevivência, como muito favelados. No Brasil, onde milhões de pessoas utilizam a internet como ferramenta de trabalho, seja direta ou indiretamente, esse cenário pode ser devastador. Como seria a sua vida, a sua loja, o seu negócio e a sua rotina sem o Instagram? REFLITA!
Levando em consideração os interesses desses bilionários em influenciar países como nosso e a promover discursos de ódio, vale lembrar que o BRASIL é o país que mais mata pessoas Trans e Travestis no mundo; conforme o relatório da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+, aponta. 70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33% em nosso país, chocante, não acham?
Profissionais que são parte da comunidade LGBTQIA+, ou que se posicionam como aliados, podem enfrentar um ambiente digital cada vez mais hostil. O impacto emocional, aliado às ameaças diretas à segurança, coloca em risco a possibilidade de usar essas redes como um espaço seguro e produtivo.
Permitir que discursos que associam orientação sexual ou identidade de gênero a doenças mentais ganhem legitimidade não é apenas irresponsável, é cruel. Sabemos que essas ideias foram usadas historicamente para justificar tratamentos desumanos, exclusão social e marginalização. A decisão da Meta reabre feridas que a humanidade ainda luta para curar, ao invés de promover inclusão e respeito.
Minha indignação vai além da comunidade LGBTQIA+. Trata-se de um problema que afeta todos nós. Quando uma empresa desse porte permite retrocessos como esse, ela abre precedentes perigosos para a normalização da intolerância. A Meta precisa ser responsabilizada por suas decisões e compreender que liberdade de expressão não significa liberdade para discriminar.
Como sociedade, não podemos nos calar diante dessa postura. É preciso pressionar empresas, cobrar governos e exigir políticas públicas que regulem plataformas digitais de maneira eficaz. Precisamos construir uma internet que valorize a diversidade, proteja as pessoas mais vulneráveis e seja um espaço onde ninguém precise temer ser quem é.
JOICE BENTO
Cria da Maré, mas atualmente morando no território do Alemão, é comunicadora midiática, imersa no universo dos Chatbots, User Experience e estudante de marketing. Apaixonada por fotografia e voluntária de projetos sociais.