O sábado foi um dia marcante no Complexo do Alemão. Além do empate do Vasco contra o Vitória por 2 x 2 e da primeira conquista do Botafogo na Libertadores da América, o dia trouxe cultura, lazer, conhecimento e troca de ideias com a 17ª edição do evento Circulando, promovido pelo Instituto Raízes em Movimento.
O Circulando é uma iniciativa que reúne artistas, comunicadores e moradores para celebrar a cultura e discutir temas fundamentais para a favela. A 17ª edição foi realizada na sede da Escola Quilombista Dandara de Palmares. O ‘Circulando’ transformou a Rua Sebastião de Carvalho em um palco de resistência e criatividade.
Uma das atrações do Circulando foi o lançamento da ‘Geração cidadã de dados: cartografia de coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde’, que é um mapa com iniciativas de comunicação comunitária na cidade do Rio de Janeiro (incluindo a Ilha do Governador). O trabalho foi feito em parceria com o Fala Manguinhos e com a Fiocruz.
Fabio Monteiro destacou como a comunicação dentro dos territórios precisa ser forma diferenciada. “Informação parte só da iniciativa. Por exemplo, quando você informa que o posto de saúde tem determinada vacina, você está apenas informando. Repassando a informação. Comunicação não é isso. Comunicação é quando a outra parte responde. Quando eu comunico ao morador que tem vacina nova no posto, eu tenho uma resposta dele. É um exemplo desse processo. E a comunicação comunitária tem muito disso porque é um público o qual fazemos parte.”
Para David Amen, jornalista, coordenador de comunicação e co-fundador do Instituto Raízes em Movimento, a cartografia e a própria roda de conversa serviu para aproximar as iniciativas de jornalismo e debater estratégias de comunicação dentro do território. “Essa cartografia é um marco para fortalecer as vozes das favelas. Esse mapa com os coletivos de comunicação não só revela nosso alcance nos nossos territórios, mas também abre caminhos para novas parcerias. É uma ferramenta que potencializa o diálogo e a luta por direitos dentro dos territórios.”
A programação do Circulando incluiu rodas de diálogo, exposições de arte, batalhas de MC’s com a Roda Cultural da ZN e apresentações de dança. O encerramento ficou por conta do Sarau da Zilda, que, em parceria com o coletivo Leopoldina Hip-Hop, trouxe poesia e música para celebrar a força e a história do território.