O Hip Hop nasceu nos anos 1970, no Bronx, em Nova York, como uma resposta à pobreza e à marginalização. Influenciado por estilos como funk (dos Estados Unidos) e soul, consolidou-se com quatro elementos principais: rap, DJing (a arte de ser dj), dança (breakdance) e grafite.
No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, o Hip Hop chegou na década de 80, refletindo as realidades sociais e políticas das favelas. E o espaço de encontros dessa arte, principalmente nas favelas, é a roda de rima.
As rodas de rima se tornaram um espaço de expressão e resistência cultural, permitindo que MCs (mestres de cerimônia) se apresentem com versos improvisados. Um exemplo é a Roda Cultural da ZN, que acontece no CPX do Alemão, toda última quinta-feira do mês, na Rua Nova, número 01, no Mirante.
Iasmin Nobrega, uma das apresentadoras da Roda Cultural da ZN, diz que o poder artístico das rodas culturais compensa a falta de espaços como teatros e grandes palcos para fazer as apresentações artísticas. “Fazemos de uma praça, ou um espaço comum, nosso evento de arte, fortalecendo a comunidade com muita resistência, inclusão e empoderamento”. Ela diz que as rodas culturais também incentivam jovens e adultos .
Na Zona Norte, a união é fundamental. É o que diz o produtor cultural Khamarinha: “A gente se relaciona com muita cumplicidade, porque estamos em um lugar vulnerável e precisamos nos unir”.
Em resposta aos desafios para o acesso à cultura nas favelas, surgiu também a Leopoldina Hip Hop – um espaço cultural na Penha que busca apoiar artistas. Nyl, um dos fundadores, explica: “Iniciamos a L2H para aproximar a galera do entorno da Arena Dicró”.
Com mais de sete anos de atuação, a Leopoldina Hip Hop realiza diversos projetos como capacitações, trazendo conhecimentos desde composição musical até direitos autorais. “Muitos artistas não sabiam como lidar com o som ou registrar suas músicas. Precisamos oferecer esse aprendizado para que não sejam subestimados”, destaca Nyl a importância da capacitação.
Em 2022, a empresa realizou o intercâmbio Minas do Rap, envolvendo artistas, DJs e produtoras em formações sobre acessibilidade e elaboração de projetos. “Conseguimos aproximar a rede e integrar mais mulheres no cenário”, comenta Nyl. O projeto também resultou no mapeamento Minas do Rap – uma lista de artistas que será usada para criar um e-book acessível a produtores e contratantes.
As rodas de rima resistem para fortalecer a cultura do Hip Hop e garantir que as vozes das comunidades sejam ouvidas.