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Mulheres negras são maioria em casos de de violência contra a mulher, mas mídia não mostra

Dados do Observatório de Favelas expõe apagamento de casos na imprensa
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

10 de outubro é o dia nacional de luta contra violência à mulher. Embora este dia esteja reservado para reflexão sobre o tema, manchetes nos jornais mostram diariamente que o crime ainda precisa ser combatido em todo país, principalmente em territórios periféricos. 

O índice dessa violência aumenta ano após ano e o perfil das vítimas é, em maioria, de mulheres negras moradoras de favelas ou de regiões remotas do Brasil.  

No Complexo do Alemão, o movimento Mulheres em Ação no Alemão atende por mês, direta ou indiretamente, em torno de 200 mulheres. Dentre elas, vítimas de violência: 

“Elas fazem contato com o movimento e como é o protocolo padrão, nós acolhemos de maneira humanizada, afetiva e ativa. Entendemos junto com a vítima o que ela acredita ser o melhor caminho. Nos casos de risco iminente de morte, as mulheres são encaminhadas para o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM). Nos demais casos, são acolhidas por nossos psicólogos, assistentes sociais e demais estruturas de empoderamento feminino”, conta a secretária da instituição Monique Freitas.

Monique conta que cabe ao poder público ampliar o conhecimento sobre as leis de proteção à mulher: “A população e todos os poderes deveriam investir no acesso à informação. Muitas mulheres nem sabem que estão sofrendo violência e não conhecem os diferentes tipos. Essa falta de informação dificulta e atrapalha o processo de quebra do ciclo de violência. Falta investimento em equipamentos públicos que acolham a mulher no primeiro atendimento de maneira resolutiva”, afirma.

Dados preocupantes

De acordo com o dossiê do Instituto Patrícia Galvão com a ONU Mulheres (realizado em 2021), 96% das mulheres brasileiras evitam passar por local deserto ou escuro; e 81% delas declararam já ter sofrido algum tipo de violência, incluindo agressão física, estupro e assédio sexual. 

Embora a pesquisa aponte a insegurança da população feminina nas ruas, dados do relatório Elas Vivem (lançado em março deste ano) mostram que a cada 24 horas, em média 8 mulheres sofrem violência doméstica no Brasil. Um aumento de 22% em relação a 2022! 

Dentre as violências contra a mulher estão as ofensas, ameaças, assédio, importunação sexual, agressões, torturas, estupro e feminicídio. A cada 15 horas, uma mulher é morta pelo parceiro ou ex-parceiro, segundo o relatório.

Assim como mostrado nas pesquisas, o cenário desafiador também foi confirmado no 18° Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024. O boletim inclui homicídio, feminicídio, agressões domésticas e perseguições (stalkers) na lista de violências que atingiram mais de 1 milhão e duzentas mil mulheres. Segundo o levantamento, o tipo de violência mais frequente é a ameaça, totalizando 778,9 mil casos registrados. No Anuário, as mulheres negras são maioria das vítimas (63,6%) e com idades entre 18 e 44 anos (69,1%). 

Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Infelizmente, os casos de estupros também aumentaram, alcançando o maior número de todos os anos e chegando a quase 94 mil casos registrados. Dentre as vítimas, a maioria são meninas (88%), negras (52,2%) de até 13 anos (61,6%), na maioria das vezes violentadas por familiares ou conhecidos (84,7%).

Segundo o mapeamento realizado pelo Observatório de Favelas – através da pesquisa “Violência contra mulheres e letalidade feminina no Rio de Janeiro”, embora os dados exponham que mulheres negras sofrem mais violências, esses casos não tiveram repercussão na mídia. O documento mostra que a maioria dos casos exibidos na imprensa foram de mulheres brancas, enquanto os casos letais contra as mulheres negras não foram noticiados como feminicídio. 

Em caso de violência, ligue 180 ou procure o atendimento mais próximo da sua casa. DENUNCIE!

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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