No dia 04 de Outubro, é comemorado o Dia do Agente Comunitário de Saúde (ACS). Uma data que reconhece o trabalho incansável desses profissionais que estão na linha de frente da saúde pública, principalmente em comunidades, como o Complexo do Alemão.
Os agentes de saúde são, para muitos usuários das unidades de saúde, a face humana do cuidado, a mão amiga que estende empatia e compreensão. É o que conta Suelene Vieira, de 48 anos, que trabalha como agente de saúde na clínica da família Rodrigo Yamawaki Aguilar Roig, que fica na Estrada do Itararé, no CPX, há 14 anos.
“Nosso trabalho é estar próximo das pessoas, entender suas necessidades e, principalmente, ouvi-las”, diz Suelene, que há anos segue conhecendo cada canto e cada rosto. “Conhecemos os usuários pelo nome. Com a saúde da família, surgiu a questão dos usuários. Cada um possui um cadastro individual, inseridos dentro de uma família e nela, ficam inseridos os usuários da residência – sabemos de suas dores e de suas vitórias!”, acrescenta.
Antes de se tornar agente comunitária de saúde, Suelene foi professora desde os 18 anos. Dedicada à Educação, ela seguiu essa profissão até os 33 anos, quando, por questões pessoais, decidiu se afastar da escola onde trabalhava. Em meio a esse momento sensível, Suelene prestou o exame para se tornar agente de saúde – incentivada por seu marido, que a aconselhou a buscar melhor qualidade de vida. Mesmo com o cansaço e as adversidades, ela seguiu o conselho e foi bem-sucedida.
“Estamos dentro da casa das pessoas, conhecendo suas histórias. Esse vínculo cria uma relação de confiança que é essencial para que o cuidado com a saúde seja integral”, explica Suelene a chave para a eficácia desse trabalho. Essa proximidade com a comunidade permite que os agentes detectem doenças precocemente, orientem sobre cuidados preventivos e promovam ações de saúde pública.
Esses resultados são fruto do esforço contínuo desses agentes que são essenciais nas unidades de saúde. No Rio de Janeiro, segundo o Ministério da Saúde, são 16.659 agentes comunitários de saúde. A rotina desses profissionais inclui: visitas domiciliares; monitoramento de condições de saúde; e orientação para a adesão aos tratamentos – essencial para o sucesso dos cuidados.
Além disso, Suelene destaca o aspecto humano de seu trabalho: “A gente se apega aos pacientes, eles fazem parte da nossa vida também. Vemos crianças crescerem, acompanhamos famílias inteiras. Quando alguém melhora, a gente se alegra junto. E quando, infelizmente, perdemos alguém, sentimos como se fosse um membro da nossa própria família”.
O vínculo criado com a comunidade faz parte da confiança gerada ao longo do tempo e da dedicação de Suelene. Tal confiança é um dos maiores triunfos do trabalho das agentes de saúde, que conhecem os pacientes não apenas como números ou casos clínicos, mas, principalmente, como pessoas com desafios e necessidades únicas.
O impacto do seu trabalho cria redes de apoio e solidariedade. “Muitas vezes, somos a única pessoa que o paciente vê em semanas. Nosso trabalho é levar cuidado e atenção, o que faz uma diferença enorme na vida dessas pessoas”, destaca Suelene.
O trabalho das agentes de saúde nas Clínicas da Família no Complexo do Alemão é um exemplo claro de como a dedicação e o conhecimento profundo da comunidade podem transformar vidas.
Suelene acredita que uma simples conversa pode mudar histórias, como aconteceu com uma vizinha sua. “Ela parou de fumar porque eu pedi. Conversamos e ela parou. Não fuma mais”.
Com um trabalho focado na prevenção e no cuidado contínuo, esses profissionais não apenas promovem a saúde, mas também fortalecem os laços comunitários, criando um impacto positivo duradouro em uma das áreas mais vulneráveis do Rio de Janeiro.